quarta-feira, 28 de julho de 2010

De volta do exílio de si mesmo


Tenho abordado questões emergentes sobre situações e pessoas que chegam num ponto crucial de suas vidas e que, ao revisitarem os seus conteúdos anteriores para obter desempenho favorável no contexto atual de realidade, na maioria das vezes, pouco encontra de significativo.

Recebi alguns e-mails onde me foi questionado sobre a validade ou não de todas as vivências anteriores. Se nada teria valido a pena ou se seria oportuno que deixássemos para trás inclusive amigos e pessoas afins neste importante período de renovação interior.

Percebo que a questão aqui se torna muito mais profunda do que a simples aparência. As revisitações feitas nestes momentos ainda de plena transformação, fatalmente permearão os vícios emocionais que todos nós, humanos, estamos fadados a recorrer...

São lugares de nós mesmos onde nos reconhecemos como identidades, mas que neste momento deixam de ter o sentido anterior do que significa Ser. O que costuma acontecer é que se cairmos novamente nestes padrões, porém com o diferencial de estarmos mais conscientes sobre nós mesmos e muito mais lúcidos sobre alguns tipos padronizados de funcionamento, imediatamente pela incorruptibilidade que este tipo de ganho consciencial promove, desistimos de nos apegar a tudo o que pode ter o significado de casca sem conteúdo algum.

Entramos então numa segunda etapa, agora já mais pacificados dentro desta suposta caoticidade, na qual percebemos que estamos chegando num lugar de terra firme, definitivamente voltando do exílio de nós mesmos.

Devido à própria experiência de mutação, sabemos que este suposto lugar de terra firme nada mais é do que o encontro/sensação com a nossa própria essência. Mas o fundamental de todo esse movimento é poder entrar em contato com a inequívoca percepção do rumo de nossa vida, bem como com as nossas mais profundas questões existenciais que sempre estiveram no interior de cada um de nós...

Estamos fadados à ignorância. Permanecemos como que exilados de nós mesmos sempre que, cegos, rumamos para os dogmas que nos são inseridos durante as nossas vidas, sem questionamento algum. Imaginando que todo este tipo padronizado de cultura de momento que nos são sabiamente inseridos, fosse todo o nosso norte existencial. Que engano... Todos nós sabemos que há muito mais de nós para ser desvendado, sempre.

Ao retornar deste tipo de exílio de nós mesmos, poderemos resgatar aprendizados em benefício de entender o que de fato faz com que nos sintamos vivos, faz com que sintamos que a nossa passagem por esse planeta tenha valido a pena.

Temos também a oportunidade de voltarmos apenas com o nosso vestuário escolhido, abrindo espaço para efetivamente desenvolvermos nossos aspectos criativos por escolha lúcida, baseados apenas na função do prazer genuíno e não na distorção do mesmo.

Ao ler este texto, tudo pode parecer muito simples e até teórico, mas apenas a pessoa que vive este assunto ou vislumbra uma grande transformação em sua existência é que pode entender o profundo significado dos termos expostos.

Este tipo de jornada é o resultado de uma longa travessia no sentido de tornar-se consciente de tudo o que se assimilou, o que servirá aos novos propósitos e efetivamente decifrar e extirpar, de forma definitiva, padrões viciados de comportamentos que em essência não nos levam a lugar algum.

A palavra do dia é: “Mudança”

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