Um dia no meu escritório na Candido Mendes (centro de Macapá) conversando com o Zé Miguel, figura amapaense impar, voz extraordinária e de uma serenidade lúcida o suficiente para expressar os pensamentos com a clareza de um glasscup. " _Zé que ossos da jornada são esses?"
Estavamos falando de uma das frases de "Pérola azulada", sucesso mor do cancioneiro do Zé. Mas na verdade o que me inspirou a escrever hoje, não foi só a música de fundo, made in Zé Miguel, mas a forma como hoje eu vejo uma terra que deixei para trás há tempos e que achava não ter de voltar mais para lá. Afinal as pesoas fazem o inverso, saem de lá e sonham com o velho mundo, eu acho que ja fiz essa cruzada duas vezes, de sair do velho mundo e ir para o centro do mundo. Ah o Amapá! Acho que devo deixar de teimosias e me decidir logo, ou o velho mundo ou o Amapá de vez.
Nem sei o que vou encontrar lá depois de tanto tempo. Afinal ao sair de lá um clã governava e agora outro clã domina, tipicamente bem escoceses esses MacGoes ou MacCapis ou MacBorges, ou sei lá quantos mais clãs vão governar as terras tucujús, mas o que importa é que ela está crescendo e quem sabe daqui até eu me aposentar ela fique tão deturpada e vadia quanto qualquer outra capital que eu tenha conhecido e perca seu bucolismo que lhe é tão peculiarmente agradável.
Confesso que tinha minhas reservas de que voltar para lá seria minha cova. Mas estou cada vez mais ciente de que lá é realmente minha cova, não por comparar a bela Macapá com uma sepultura, mas como minha última morada não de desterro, afinal tenho o hábito de me desterrar, me exilar, me esconder do mundo, la no velho mundo sob mantos de neve e pálidos rostos.
Mas acho que um futuro me espera em Macapá, afinal vivi muito bem lá e de lá só sai por achar que já tinha dado minha parcela de contribuição àquele estado. Na verdade acho que ainda tenho mais a dar, acho que minha jornada amapaense está apenas pela metade, que oito anos, (um mandato de senador), foi apenas um antepasto do lauto banquete que vem por ai. Basta eu me convidar, coisa que aliás eu já fiz. Minha companhia aérea predileta ja tem um assento reservado para mim e dia, hora e local para aportar na beira do rio mais belo.
Sinto que desta vez vou mais maduro e preparado, mais cheio de vida e esperanças, não vou como alguem que não conhece o território de batalha, vou como uma eminencia parda, que conhece os manejos e os traquejos de uma terra onde a habilidade de negociar é fundamental para sobrevivência.
Ja até sei onde colocar meus peões para começar o xadrez da minha vida. Algumas peças já estão demarcadas e tem cadeira cativa, outras só as jogadas dirão que rumo tomarão. A única semelhança com minha última ida ao meio do mundo é que vou com a convicção de que nas terras tucujús, voce vive em um mundo dentro do mundo, quase igual a morlocs e elóis, onde volta e meia um morloc sai das terras amapaenses e devora um eloi do mundo sobre o mundo. E as vezes o contrario também acontece, para isso temos Sarney senador do Amapá.
Os ossos da jornada? Bem assim como o Zé não me deu uma resposta satisfatória quando perguntei a ele sobre os tais ossos, agora acho que ja tenho a resposta. Os ossos da jornada estou levando comigo, junto com todo o conjunto da obra que me compõe, de volta para a esquina do rio mais belo com a linha do equador.
Beijos do sábado mais belo que Deus fez.
Estavamos falando de uma das frases de "Pérola azulada", sucesso mor do cancioneiro do Zé. Mas na verdade o que me inspirou a escrever hoje, não foi só a música de fundo, made in Zé Miguel, mas a forma como hoje eu vejo uma terra que deixei para trás há tempos e que achava não ter de voltar mais para lá. Afinal as pesoas fazem o inverso, saem de lá e sonham com o velho mundo, eu acho que ja fiz essa cruzada duas vezes, de sair do velho mundo e ir para o centro do mundo. Ah o Amapá! Acho que devo deixar de teimosias e me decidir logo, ou o velho mundo ou o Amapá de vez.
Nem sei o que vou encontrar lá depois de tanto tempo. Afinal ao sair de lá um clã governava e agora outro clã domina, tipicamente bem escoceses esses MacGoes ou MacCapis ou MacBorges, ou sei lá quantos mais clãs vão governar as terras tucujús, mas o que importa é que ela está crescendo e quem sabe daqui até eu me aposentar ela fique tão deturpada e vadia quanto qualquer outra capital que eu tenha conhecido e perca seu bucolismo que lhe é tão peculiarmente agradável.
Confesso que tinha minhas reservas de que voltar para lá seria minha cova. Mas estou cada vez mais ciente de que lá é realmente minha cova, não por comparar a bela Macapá com uma sepultura, mas como minha última morada não de desterro, afinal tenho o hábito de me desterrar, me exilar, me esconder do mundo, la no velho mundo sob mantos de neve e pálidos rostos.
Mas acho que um futuro me espera em Macapá, afinal vivi muito bem lá e de lá só sai por achar que já tinha dado minha parcela de contribuição àquele estado. Na verdade acho que ainda tenho mais a dar, acho que minha jornada amapaense está apenas pela metade, que oito anos, (um mandato de senador), foi apenas um antepasto do lauto banquete que vem por ai. Basta eu me convidar, coisa que aliás eu já fiz. Minha companhia aérea predileta ja tem um assento reservado para mim e dia, hora e local para aportar na beira do rio mais belo.
Sinto que desta vez vou mais maduro e preparado, mais cheio de vida e esperanças, não vou como alguem que não conhece o território de batalha, vou como uma eminencia parda, que conhece os manejos e os traquejos de uma terra onde a habilidade de negociar é fundamental para sobrevivência.
Ja até sei onde colocar meus peões para começar o xadrez da minha vida. Algumas peças já estão demarcadas e tem cadeira cativa, outras só as jogadas dirão que rumo tomarão. A única semelhança com minha última ida ao meio do mundo é que vou com a convicção de que nas terras tucujús, voce vive em um mundo dentro do mundo, quase igual a morlocs e elóis, onde volta e meia um morloc sai das terras amapaenses e devora um eloi do mundo sobre o mundo. E as vezes o contrario também acontece, para isso temos Sarney senador do Amapá.
Os ossos da jornada? Bem assim como o Zé não me deu uma resposta satisfatória quando perguntei a ele sobre os tais ossos, agora acho que ja tenho a resposta. Os ossos da jornada estou levando comigo, junto com todo o conjunto da obra que me compõe, de volta para a esquina do rio mais belo com a linha do equador.
Beijos do sábado mais belo que Deus fez.
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