
Sempre me deparo com pessoas
no mínimo intrigantes. Resolvi dedicar esta semana para coisas mais lights,
como textos para a terceira idade. Ha uns dez anos conheci o Batista, um coroa
de bem com a vida e por isso escrevi este conto há alguns anos para ele que
pegava qualquer coisa. Achei melhor publicar na íntegra a história deste
abençoado.
Sinceridade: não
sou do tipo que chama atenção pelo porte físico ou coisa parecida. Já passei
dos quarenta, meus cabelos deixaram de ser originais há uns sete ou oito verões
e minha protuberante barriga denota o grande sucesso que tive na arte de comer
e beber. Minhas rugas procedem da total falta de credibilidade em protetor
solar (esse troço não é coisa de homem sério!) aliada a centenas de noites que
fiquei sem dormir na expectativa de não ir para casa sozinho.
Ainda bem que para
caras como eu (e tem um monte desses por ai) existem os desmanches. O que é um
desmanche? Sinceridade: Na mesma proporção de caras como eu, existem mulheres
com características semelhantes. Se não são carecas, tem cabelos mal cuidados,
se a barriga não é tão grande quanto a minha, tem lá aquela coisa instalada ali
na frente. Ruga então?! Não quero falar disso. Voltando ao assunto, um
desmanche é um local onde se tem música, bebida, um globo vagabundo rodando no
teto, banheiro mal cuidado, etc. O local tem que ser escuro porque, sinceridade:
Com muita luz acho que ninguém “pegaria” ninguém. A balada que sempre vou (não
vou chamar de desmanche, as mulheres se ofendem, pois há quem diga que estes
locais têm estes nomes porque as “princesas” que frequentam o local desmancham
a um toque!) fica perto da minha casa, pois não tenho carro e, se arrumo alguma
coisa dá para ir a pé até o meu apartamento.
Coloquei minha
roupa de passeio, quinzão no bolso (cinco para entrar e o resto para beber e
comer um cachorro quente na hora de ir embora) e fui para a caçada. Dancei
forró, pagode e lenta (não sei nem como se chama hoje em dia estas músicas de
se dançar juntos eu falo lenta e acabou!) com umas dez mulheres diferentes. Já
passava das quatro da madruga, eu já num prego do cacete, achando que ia ter de
acabar mais uma noite sozinho, deparei-me com uma gata. Não fui agraciado com
beleza, mas… papo… bom, papo eu tenho. Aproximei-me. Era uma loira com uma
calça preta com listas amarelas (estas calças de ir a academia), uma bota que
imitava couro de cobra, um salto bem alto, o cano da bota ia até os joelhos o
que dificultava um pouco os movimentos da “mocinha”. Sua blusa era toda cheia
de umas coisas brilhantes (não sei o nome destes troços), bem vermelha. Não sei
se é moda, mas, tudo bem, eu não estava procurando ninguém para ser modelo e
sim tirar o meu atraso. Encostei do lado e comecei a jogar meu charme.
Sinceridade: Nem precisei conversar muito. Cinco minutos de conversa e já
aceitou ir até minha casa. Eu também aceitaria no lugar dela, pois, o primeiro
ônibus que ia até a direção da sua casa só passaria a partir das sete horas.
Fomos caminhando
até meu apartamento. Quando passávamos por luzes fortes podia ver com mais
clareza seu rosto. Amigos: Se você tem menos de dezesseis anos e/ou estômago
fraco aconselho interromper a leitura a partir deste momento, pois daqui para
frente a coisa começa a ficar quente. Tinha mais rugas que um maracujá
esquecido na fruteira, já não sabia se era loira ou morena. Quero dizer era
morena, pois o cabelo estava do ombro para baixo loiro e para cima preto.
Segundo ela, a próxima grana que ganhar de diarista vai dar um jeito no cabelo.
Sinceridade: A dona era até gostosa, mas feio era o diabo, ela era horrível.
Mas eu não queria ela para bater foto, além do mais não aguentava mais a
secura. Precisava de uma mulher, nem que fosse ela. Abri a porta do meu
apartamento e já fui beijando e socando a mão em tudo quanto é lugar, aí, como
toda mulher faz, começou - Para com isso! Que é que você tá pensando!? - Tudo
bem. Todos nós passamos por isso, até as feias tem direito àquelas frescuras do
início. Dei mais um beijão e já coloquei a mão no bolso e peguei umas balas pra
ela. Compreensível: Quatro horas da manhã, fumando, bebendo, qualquer um fica
com bafo na boca.
Como toda mulher
que você põe no carro ou leva para seu apartamento, (até as feias são assim!)
já começou com aquele papinho - Acho que está na hora de ir embora. A gente tem
que passar por isso. Tudo bem, tô ali prontinho e tem que ter esta fase! Bom,
fiz minha parte: Conversava um pouco, beijava um pouco, passava a mão, pegava a
mão dela e colocava em cima da minha calça, sabe como é, todo aquele ritual
básico. Passados longos dez minutos desta interminável lenga lenga, a Marta
(este não é o nome real mas vamos deixar como se fosse), deixou eu tirar sua
blusa. Quando tirei a blusa encontrei um enorme obstáculo: estas cintas que
apertam o corpo para tampar um pouco a gordura. Tirei aquele troço. Meu Deus!
Sinceridade: O cheiro que saiu dali de baixo, se minha tara não fosse do
tamanho do Pão de Açúcar, eu teria brochado, mas achei até compreensível
afinal, ficar a noite toda dançando com aquele negócio quente enrolado no
corpo, não podia dar em outra coisa. Passados uns cinco minutos meu nariz já
havia se acostumado com o cheiro. Pra quem já tinha beijado a boca fedendo a
cigarro, um CC não ia matar. Tirei o corpete (foi assim que ela chamou o
negócio) e comecei a chupar os peitos. Tava meio salgado quero dizer, estava
bem salgado, mas, vamos lá, era para comer mesmo! Que mal tinha estar
temperado?
Fiquei ali com
aquela coisa flácida na boca por uns cinco minutos até que finalmente a Marta
me apalpou, quebrado a barreira entre o - acho que vou embora e o acho que vou
te dar. Começamos então a fase final. Ela com a mão em mim e eu com a mão na
sua ahhhh (fica bonitinho este nome!). Não deu dois minutos de dedinho e já
veio com aquela outra famosa - Eu quero! Eu quero! - como se não quisesse desde
o começo, mas, tudo bem, respeito. Se não respeita, fica com fama de insensível
e… bom, deixa para lá, vamos ao que interessa. Como todo bom cavalheiro, tirei
a mão de lá e coloquei no nariz para “reconhecer o gramado”. Sinceridade: Minha
sorte é que pinto não tem nariz, se tivesse acho que não encararia a parada.
Começamos a nos
despir. Fui abaixar sua calça e me deparei com as botas: Preciso comentar do
cheiro que saiu de dentro das botas? Se tivesse lugar, poderia jurar que ela
escondeu um gato morto em cada pé. Pensei em dar a primeira tomando um banho,
talvez melhorasse um pouco as condições. Fomos até o banheiro e, para variar,
estava sem água. Sinceridade: Estava louco para dar uma… Comi ali mesmo dentro
do banheiro (Sim. Usei camisinha!!!). Comecei sentado na privada, depois
encostei a Marta na parede do banheiro e peguei ela por traz. Pra não gozar
muito rápido, fiquei contando quantas bolas de celulite que ela tinha na bunda.
Quando chegou em vinte e cinco, ela pediu para mudar de posição, eu estava tão
empolgado com a minha estatística que nem percebi que ela batia a cabeça na
parede com força e acho que já estava machucando. Fomos para o corredor do
apartamento (no banheiro não tem espaço para ficar deitado). Fomos terminar na
cama. Dei aquelas gozadas de arder o canal. A Marta disse que gozou três vezes!
(quem será que está mentindo eu ou a Marta?).
Depois que gozei,
tirei a camisinha, dei aquela conferida para ver se estavam todos ali; amarrei
a ponta e joguei no lixo. Entrei então naquela parte conhecida pelos homens
como o cúmulo da eternidade (Cúmulo da Eternidade: Os minutos entre depois que
você goza e a hora em que você leva a mulher embora).
Sinceridade: Com
pinto mole não há a menor possibilidade de encarar a Marta! Já nos preparativos
finais para ir embora disse que estava com fome. Meu quinzão já tinha ido para
o espaço (As balas não foram de graça!!). Perguntou se não podia pedir uma
pizza ou comer um cachorro quente. Para não ficar feio para minha cara,
ofereci-lhe para fazer algo para comermos. Nossa que romântico! Pronto! Só
faltava a baranga achar que gostei dela! Fucei os armários e achei um Miojo. Na
geladeira tinha uma destas latas de molho pronto de tomate que fazia uma semana
que estava lá.
Fiz a gororoba.
Tinha uns dois ou três tomates que só parti em quatro e coloquei junto para
tirar aquele ar de anemia do prato. Sentamos e comemos. Comi pouco, a Marta
acho que fazia uma semana que não comia. Não deveria ter colocado aquele molho.
A Marta comeu um monte e começou a passar mal. Ficou com dor de barriga. Fiquei
com um pouco de dó dela. Fazer número dois na casa de alguém que você acaba de
conhecer, não é o “sonho” de nenhuma mulher. Lá foi a Marta. Quase seis horas
da manhã, nenhum barulho na rua, a porta do banheiro não fecha direito.
Sinceridade: Nunca uma mulher tinha ido ao banheiro perto de mim (não para
número dois!) e logo na estreia tive direito a show de efeitos sonoros que
colocariam Morricone e Vangelis na defensiva. Aquele barulho de quando você
acelera uma motoca velha, denunciava a forma líquida que a coisa estava vindo.
Minha TV queimada, o rádio meu irmão havia pego emprestado. Tive que ouvir a
sinfonia do começo ao fim. Ouvi quando ela tentou puxar a descarga (estava sem
água, lembra?), quando tentou abrir a torneira para lavar as mãos, ambos sem
sucesso. Veio então nossa heroína daquela batalha que achei não ter mais fim.
Foram quinze minutos de barulhos de motoca e de água escorrendo. Ela saiu do
banheiro deixando lá toda a sua obra, deu uma cheirada na mão, esfregou-as e me
abraçou. Eu sabia que o cheiro que eu estava sentindo era do banheiro, mas, eu
tinha a sensação de que vinha da sua boca.
Dei-lhe minhas
últimas balas. Aquelas mãos passando em meu rosto como quem quer fazer um
carinho, não sei quanto tempo poderia aguentar. Pegou no meu pinto de novo, viu
que estava mole e disse: - Vou levantar o bebê de novo (bebê?). Abaixou minha
calça e começou a me usar como bala. Sinceridade: Uma é sempre uma. O danado
mesmo com todo aquele cheiro de enxofre no ar (ele não tem nariz, lembra?)
ficou em pé de novo. A moça então resolveu escancarar: Começou a fazer um streap (nem sei escrever isso!).
Preferia o
anterior, mas, tudo bem, vamos respeitar o ritual, para não parecer insensível.
A sala estava meio escura e ela, achando que estava realmente me agradando com
aquelas incontáveis bolas de celulite (tinha parado na vigésima quinta,
lembra?), acendeu a luz. Quando tudo ficou mais claro olhei para aquelas
nádegas e pensei: Cara, a gorda tem um monte de espinhas. Na verdade para meu
espanto ou alívio (já não sabia mais o que pensar) não eram espinhas. Eram
algumas sementes do tomate que coloquei na macarronada. A diarreia deve ter
escorrido por toda sua bunda e papel higiênico não limpou tudo que podia e elas
ficaram por ali grudadinhas. Peguei minha cueca, dei uma cuspida, limpei em
volta e comi a Marta de novo.
Sete horas da
manhã a Marta pegou o ônibus e foi embora. A água voltou às dez horas. Não
quero mais tocar neste assunto.
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