A partir do momento em que se cruzam as montanhas escarpadas do Borgo, você encontra de cara um conjunto de ilhotas brancas de areia e sal a beira do Adriático e suas espumas brancas.
Este contexto romântico em nada se assemelha a atual situação das terras de Homero nos tempos em que os idílios eram cantados na harpa de Orfeu.
Segundo o FMI, serão precisos grandes sacrifícios para que a população grega receba a ajuda em três suaves parcelas de US$ 13,6 bi. Sendo que a primeira só deve sair após um ajuste de pacote de medidas que semelhante ao que ocorreu no Brasil de 74 a 94, sacrificaram empregos, crescimento, industrialização e ainda mais a economia do país que teve seus ápices de dívida externa aumentados a valores quase insolventes naquela época.
Metas de contenção de superávit primário, como as que o FMI impõe aos seus credores, não somente estupram a economia interna e a política econômica externa do país em questão, mas escamoteiam de maneira quase oportuna ao fundo, uma maneira de se receber a garantia dos juros, quase como que uma agiotagem consentida.
A Grécia é o único país totalmente europeu que não aderiu a política do Euro por falta de lastro econômico e por falta de garantias a sua política econômica. Mas, ainda assim a crise grega ameaça se tornar uma tragédia um pouco maior do que as contadas nas tragicomédias de Ésquilo.
A maioria dos aterrorizados por esta crise, por incrível que pareça, não são os gregos, que embora com os panelaços na praça Sintagma, no centro de Atenas sirvam apenas para protestar contra o aceite da nova política restritiva. Assustados mesmo estão ingleses e alemães; principalmente os banqueiros que emprestaram cerca de US$ 20 bi ao governo grego e isso sim ameaça a tranqüilidade da união européia, que, embora a Grécia goze pelo espaço ocupado, ainda assim a marolinha pode causar o impacto de uma verdadeira tsunami nas já abaladas economias européias.
Rezemos ao Olimpo para que isso não chegue até nós. Lembrando que Portugal lavou sua roupinha em casa sem chamar os gajos para farra. Quem sabe os gregos também encontrem um final mais próspero para esta tragédia.
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