terça-feira, 14 de junho de 2011

Só os ignorantes são felizes

Pode parecer repetitivo falar bastante sobre o tempo, mas não é. Fico imaginando quanto tempo mais algumas pessoas ficarão pregando o fim dos tempos? Quanto tempo mais as pessoas continuarão a ser messiânicas apocalípticas a espera de um deus que virá em uma nuvem com os tomos de todos os nossos pecados para nos julgar impiedosamente sob a pena de arder em fogo e enxofre ou caminhar no meio da grama aparada dos Elíseos, onde cavalos brancos e cisnes nos cercam entre lagos e prados.

A ignorância reside no fato de que sua verdade vai de encontro com a linha mais coerente e lógica sobre a razão de um fato. Para estes malucos o tempo sempre se vai e a história mostra o quanto eles são perigosos e ao mesmo tempo persuasivos quando colocam seu tempo agnóstico-armagedônico na cabeça de outros e assim começam a formar legiões de seguidores.

Como exemplos que vão desde o excêntrico Joseph Smith Jr. E suas histórias sobre placas de ouro contando as lendas Nefítas e os óculos mágicos que lhe foram dados pelo anjo Moroni para que ele pudesse lê-las. Ou de Marshall Applewhite, que consegui convencer 39 pessoas, incluindo ele mesmo! Ao suicídio coletivo em 1997. Acreditando que o planeta Terra estava dominado pelos "Luciferianos" e que ele e seus seguidores deveriam se preparar para deixar o planeta. Em 19 de Março, com a passagem do cometa Halle-Boop, Marshall e outros 38 seguidores praticaram o suicídio coletivo, pois acreditavam que, junto ao cometa, se escondia uma nave espacial que transportava Jesus Cristo.

Esta introdução mais alongada para retratar até que ponto a ignorância pode levar as pessoas; serve justamente para o quadro atual da discussão sobre o projeto de lei PLC122, apelidada por seus detratores, gentilmente como “lei anti-homofobia”, com intuito de ganhar a já consolidada torcida da moral e dos bons costumes para a celeuma.

Um projeto de lei de jaz a dez anos nas gavetas do congresso foi desenterrado pela senadora Marta Suplicy e se tornou relatora do mesmo, iniciando uma política de fatos pró e contra a lei em pauta. Acredito eu que seja uma forma, mesmo que equivocada de mostrar que o legislativo também se importa com essa fatia da sociedade, afinal, executivo e judiciário já deram sua cota pública.

O Projeto de Lei em questão é denominado como Projeto Anti-Homofobia, entretanto não versa apenas sobre este tipo de discriminação. O projeto pretende ampliar a abrangência da Lei nº 7.716, de 1989 que define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor (apelidada de Lei do Racismo), acrescentando-lhe à ementa e ao art. 1º da lei as motivações ‘gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero’, além de acrescentar essas mesmas motivações aos demais artigos da referida lei. O PLC122 dá nova redação ao § 3º art.140 do Código Penal que versa sobre a Injuria Racial (mas que engloba também injurias fundadas em elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência). E ainda dá nova redação ao art. 5º da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que versa sobre a discriminação sexual no trabalho.

Bingo! Esta parte ninguém menciona, afinal com este esclarecimento a polêmica cai por terra e aí homofóbos, xenófobos, misóginos e todos os phobos afins teriam que voltar a jogar lâmpadas no olho de homossexuais, incendiar índios, surrar mendigos e criticar a validade jurídica da “Maria da Penha” para bradarem seus gritos de revolta. O senador Magno Malta que se proclamou radicalmente contra a lei, ameaçando inclusive renunciar se ela for aprovada. Ah se fosse verdade!

Não sou a favor de muitos itens no projeto, mas acho valida a idéia; para isso existe o debate. Não concebo como o polêmico senador, como a criação de um terceiro sexo no Brasil, mas sim como a chance de cada um independente da opção, ser amparado por lei. Afinal se olharmos por esse prisma, o sistema de cotas, de índios, negros, idosos e deficientes, também criou castas em nossa sociedade já tão hinduísta.

Às vezes parece melhor não sentir, não ligar pra nada… não entendo isso, é meio complicado pensar assim, sempre acreditei que tudo que você faz, um dia volta pra você, como uma espécie de boomerang. Não adianta se lamentar, porque é uma lamentação ‘momentânea’, porque quando nos arrependemos de verdade de uma coisa, a gente com certeza luta pra mudar isso…

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