quinta-feira, 9 de junho de 2011

L'État c'est moi

Assim já dizia o Rei Sol, em uma das muitas e desesperadas pregações absolutistas em final de carreira.

Luis XIV reinou soberano, precedeu a revolução que mais tarde cortaria cabeças em nome de uma liberdade meio que utópica, pois assim como na revolução de Lênin, a revolução francesa se converteu a um ninho de donos de próprio umbigo, interessados não só em satisfazer suas algibeiras, como seus anseios de poder.

No Amapá não tem sido diferente, brinca-se de Estado, brinca-se de fazer governo e até mesmo brinca-se em fazer justiça com um judiciário que beira o constrangimento onde juiz e procurador eleitoral trocam farpas via corregedor e que pelo número de vistas pedidas em um caso como o que acompanho, acredito que juiz vota sem ler processo ou espera um anjo passe e de seu voto. Se não se faz uma nação com a vontade do povo e de maneira em que a lei prevaleça, não sei o que mais pode ser feito.

Crise por cima e por baixo de crise, um governador eleito com um veio de esperança em mudanças, já que seu antecessor foi um grande balaio de gatos de fraudes e golpes, Camilo Capiberibe tem se mostrado meio que inepto ao que se propôs quando decidiu abraçar um governo de estado como o Amapá.

Engessado desde o primeiro dia de mandato, quando o palácio do governo só contava com gabinetes de computador vazios, o atual governador tem tido sérias dificuldades em mostrar a famosa transparência, que vinha sendo o foco de seu governo, quando o problema está dentro de seu próprio governo.

Dois secretários já estão envolvidos em escândalos de corrupção, o tribunal de contas do estado está atolado em um mar de lama e enriquecimento ilícito e volta e meia o nome da família do governador aparece na berlinda, quer seja pela sua tia, aposentada do TCE ou até mesmo pelo de sua esposa.

Como já dizia o conselheiro do TCE do Pará, Fernando Coutinho Jorge, que já foi prefeito de Belém: “Governar é muito fácil, basta ser alimentado de informações pelos secretários, assessores e enfim tomar decisões que nem sempre beneficiam a todos, mas pelo menos a grande parcela do eleitorado.”

Em parte concordo com ele, apesar de ter sido um prefeito mediano na história da capital paraense, ele fez o que a maioria dos governantes não tem coragem ou não tem autonomia para fazer: Cercar-se de técnicos, profissionais competentes, gestores e líderes, para enfim tentar pelo menos não errar muito.

Camilo assim como todos os políticos amapaenses e isso não é um problema crônico do Amapá, ressalto para o leitor. Cercou-se de compadrios e da vasta parentela de bocas de urna, que simplesmente só se apóiam em candidato em busca de uma vaga de cargo comissionado e de preferência com bom DAS.

Essa boa parcela de apoiadores, quando na verdade se confunde confiança dada com capacidade de gerir, enchem as repartições e secretárias do estado de gente que tem tanta capacidade de administrar uma secretaria de governo quanto ao de abrir uma caixa de fósforos.

Enfim, nenhum governante admite que lhe puxem as orelhas, mas o certo mesmo que de escândalo em escândalo, só são seis meses de governo e já tem linha com ponta solta para todo mundo puxar, resta saber quanto tempo o apoio vai existir, já que a base de Camilo na assembléia; é da solitária e exótica Cristina Almeida, e nada mais.

Uma greve já esta em curso, a de educação, amanhã a da saúde, resta saber se a base popular de Camilo resistirá tanto quanto a do Rei Sol, que durou apenas dois Luises.

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