quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nem Rei, nem Fé, nem Lei

Já dizia Pero Magalhães Gandavo em sua análise sobre a população indígena do Brasil a época do descobrimento. “Uma sociedade em que na própria língua inexistem a Lei, a Fé e a Imagem do Rei e vivem desordenadamente, são por falta de ordem, sociáveis a serem colonizados como povo de inferior valia”.

A juíza carioca, brutalmente assassinada pela corja corrupta da policia militar do Rio de Janeiro, foi velada e esquecida por seus pares na mesma velocidade com que o diabo esfrega um olho. Velocidade esta bem estranha para uma instituição tida como a mais corporativista e menos produtiva de todas; O judiciário brasileiro.

Não se viu a turba em manifestações públicas, acaloradas ou revoltadas por parte dos seres de toga. O único evento que fez com que a paz e tranquilidade reinante no mundo mágico do judiciário saísse da rotina foi a paralização de um dia para que os juízes sobreviventes fosse treinados em táticas de sobrevivência a atentados.

Ainda não sei onde estava Cesar Peluso que não crispou seus punhos, como lhe é peculiar, em ares de revolta e a espumar pelo canto da boca, clamando justiça (irônico, não?!) ou providencias sérias para o caso, enquanto presidente do STF, ele fez um grande escarcéu com a Presidente Dilma Rousseff quando a mesma passou a tesoura no orçamento dos seus delírios de supremo deus.

Mesmo que a morte da magistrada carioca não tenha despertado o sonolento ministro-presidente do STF com sua megalomania e egocentrismo exacerbados. Algo conseguiu fazê-lo esta semana e mais uma vez em algo que pisa novamente nas unhas encravadas de Peluso seus brios.

Esbravejando contra Eliana Calmon do CNJ, que tem feito um excelente trabalho moralizador, embora a caminhada seja longa, Peluso pediu retratação pela declaração de Eliana, o que no mínimo reflete o meu e o pensamento e de muitos brasileiros que tem o mínimo de descrédito pelo judiciário.Eliana declarou que dentro do judiciário existe uma infiltração de bandidos vestindo toga.

A reação veio logo a seguir com a resposta de Peluso a vomitar pragas e acusações contra Eliana, taxando-a de leviana e cobrando duramente dela uma ação de retratação pública sobre a declaração que feriu mortalmente a honra de Peluso, o semideus.

Não demorou muito para que personalidades, algumas delas inusitadas, como gente do congresso nacional, partissem em socorro a Eliana. Que não se retratou e disse que não vai fazê-lo, o único acréscimo que concedeu à sua declaração foi de que este número de pústulas togados está em torno de 1%.

Eliana deveria dar um pulo em cada um dos estados e com certeza suas estatísticas aumentariam drasticamente, lugares onde a toga, além de meio de vida (e que vida!), se tornou uma moeda de troca bem comum em sentenças e envolvimento e conchavos de todas as naturezas possíveis. Com seus usuários autoproclamados divinos e intocáveis com a veste sagrada, colocando-os acima até mesmo da própria lei, sepultando a moral e a ética que recheia a lei que eles um dia juraram defender.

Há muito que a moralização dos poderes é necessária. O CNJ não pode ser tolhido. Afinal não podemos dar tanto credito a seres que usam seu manto vestal e falam em plural majestático como se verbalizassem no olimpo ou os próprios olimpos que criam para si mesmos. Com seus egos inflados, colocando-os como senhores da vida e da morte sobre os pobres e desassistidos mortais como nós.

No alto de suas futilidades primam a primazia de seus deleites e fazem pouco caso e pouco produzem para o muito que custam ao parco orçamento da plebe que os sustentam em oferendas para seus devaneios e ostentações.

Que seja direito ou torto, mas assim como considero que doutrinas e dogmas corrompem a fé, acredito também que ao contrário das instituições onde as regras deturpam; nesta em questão, o direito, as regras são belas e aplicáveis, o que estraga são os zeladores da lei que se escamoteiam da mesma como se para eles, as regras não surtissem efeito.

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