terça-feira, 22 de novembro de 2011

Verde que te quero verde

O novo código florestal está em a todo vapor. Mas a noticia não agrada a todos, afinal o benefício para os ambientalistas, será muito baixo caso o código seja aprovado da maneira em que está descrito no projeto apresentado pela Câmara após as mudanças propostas.
Nosso atual código data de um Brasil ruralista, onde grande parte da economia era fomentada unicamente pelos setores do desenvolvimento econômico baseado na agricultura de subsistência e no corte comercial.
Uma vez que a preservação das áreas mais frágeis como a mata ciliar, não é tão contemplada no texto atual, provavelmente o novo código deve causar firula como aconteceu com o código de transito quando foi aprovado e provocou uma espécie de revolução moralista no trânsito, mas logo decaiu em uma série de contradições e atualmente fomenta casos esdrúxulos à lei do transito.
No Amapá é muito provável que o novo código florestal seja um grande aliado no processo de degradação da mata nativa da floresta amazônica, que no Estado é a mais preservada do Brasil.
Não espero um movimento desenfreado de exploração madeireira, afinal ainda temos um foco exploratório muito baixo, em relação à degradação de outros Estados. Mas como projeto do Governo Estadual, que costura  em seus anseios de desenvolvimento uma escalada para a lista dos Estados exportadores (a princípio) e mais tarde de produtor de soja.
A soja tem sido vista como a salvação da lavoura em terras pobres que não tem conseguido alçar a industrialização, como por exemplo, o Estado do Amazonas, que na carência de vocação produtiva na área agrícola, aproveita sua posição geográfica para manter a Zona Franca a pleno vapor com aval do Governo Federal.
Mas o Amapá não terá esta vocação de industrialização, não nos próximos 20 nos; sua vocação ainda é extrativista e também de investimento no setor primário de produção, estando nesta lista, a agricultura. Mas este segmento tem que ser incentivado com cautela, afinal, a experiência ocorrida no Pará. Onde o processo de implantação de produção de soja ocorreu sem a liderança do Estado.
A Cargill tomou para si a rédea de poder transformador, levando para Santarém a princípio o porto graneleiro e mais a frente o crescimento desenfreado das áreas de produção; que fizeram com que houvesse um salto de 2,5 mil hectares de área produzida com grãos, para espantosos 79 mil hectares, sendo 80% deles, tomando de maneira irregular o lugar da mata nativa.
Com um IBAMA sucateado e um Ministério Público deficiente, somente dez anos depois, a Cargill apresentou seu estudo de impacto ambiental (EIA), com o estrago consumado e de maneira quase irreversível. Ainda hoje não se vê em Santarém o fim do arco-íris da riqueza e desenvolvimento.
Para o Amapá que de vez em quando dá uma de gigante adormecido e se recosta para o lado como alguém que dorme e finge despertar, mas após uma espreguiçada volta a dormir. Quem sabe se daqui algum tempo o gigante acorde e descubra que está pelado e o conto seja outro, totalmente diferente...

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