sexta-feira, 2 de março de 2012

De pão e de grão se vive a civilização

Ontem estava a assistir a um filme antigo do Cecil B. de Mille, que embora seja mais velho do que eu, me trouxe à tona uma verdade incontestável: O grão ainda manda no mundo, seja ele civilizado ou não. O filme "The Commandments" mostra Charlton Heston na pele de Moisés tentando libertar seu povo, ora que iludido pela pujança do Egito de Ramsés II, não gozava de suas riquezas, sendo empurrados à miséria da vila dos cativos em Goshem.

Os hebreus, sendo uma população judaica, tinham suas subdivisões tribais internas que muitas das vezes divergiam vertiginosamente da situação entre ficar cativo e subserviente no abastado reino de faraó, onde comida nunca faltava; ou se aventurar nas areias do deserto em busca de uma terra que poderia ser ou não real, caso se duvidasse das promessas do Deus único.

As 12 tribos sempre divergiram em suas linhas assim como até hoje ainda o fazem, mas com a diferença de que não são mais cativos, mas ainda enfrentam muitas situações apertadas pela sua condição de auto proteção do Egito ao holocausto; no Estado de Israel desde que foi fundado em 1948.

A pontuação se torna mais nítida a me motivar a escrever baseado nas linhas do Amapá, é simplesmente o fato de que, não temos uma população cativa no Estado. O leitor pode até me questionar o que tem a ver a vida dos Hebreus há 40 séculos e a vida do amapaense hoje. Por isso só me resta ponderar e responder que muitas são as semelhanças, o que pode parecer esdrúxulo aos olhos menos treinados nas artes da interpretação da história e seu uso na linha do presente.

Mas eis que no Amapá, vivemos uma realidade impar, que nem pode ser comparada com o governo estadual de João Capiberibe na década de 90, visto que as realidades eram outras e a dissidência e as linhas de pensamento nesse período eram mais concentradas nas mãos do governador que sempre teve esse hábito monocrático de se sustentar solitário sobre o bastião do poder.

Atualmente as linhas diversas da comunidade, que vão desde os formadores de opinião até a comunidade mais carente, que na maioria dos casos é aproveitada como "inocente útil" nas mãos dos mobilizadores do poder.  Digladiam-se volta e meia, não pela defesa de ideais político-partidários ou de retóricas dos tempos de Lênin e Marx. Mas fazem questão de ter uma camisa de Ernesto, passadinha e cheirando a naftalina para as necessidades socialistas emergenciais e populistas.


A divergência é grande, mas nas tribos de Israel, o pão parece ser pouco, como nos tempos do Egito à Maria Antonieta, de onde a fatia mais abastada se farta em brioches e joga as migalhas para o povo. Eis que também colocam arautos nas ruas para propagar as ações milagrosas em ondas de rádio que antes eram cantadas a voz nua.

E enfim a população cativa do Egito após levar 400 anos para ser ver enganada nitidamente com a falsa liberdade, rumou para o deserto. Libertou-se. Fugiu da comodidade da fartura de pão e grão no velho Egito. Mas enfim, novamente se corrompeu em pecado e por isso Deus fez com que durante 40 anos essa geração que se vendeu ao bezerro de ouro e às benesses da carne, se consumisse e enfim gerasse nova criatura.

Os quarenta anos do Amapá devem durar 2 anos e 10 meses, quiçá Elohim e Rá não se engalfinhem em litígio novamente e o tempo feche. Poderemos enfim ver os tão sonhados grãos rolarem as esteiras do porto, fazendo sua primeira exportação que fomentará os destinos do Estado que no momento tem comprado o povo não com sementes ou brioches, mas com migalhas adocicadas que fazem pensar que se comem rabanadas.

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