sexta-feira, 20 de abril de 2012

Asas efêmeras


Cada vez mais a vida nos mostra o quanto somos insignificantes perante a vontade própria da natureza. Negar isso é negar a efemeridade da vida e também negar nossa própria natureza de homens.

Amigo e companheiro de muitas lutas politicas, Dalto Martins pode ser mais um dos muitos sinais de que a vida nos cobra o preço por habitar nela, mas sem nenhum contrato formal, pode rescindir seus préstimos a sua revelia sem ao menos nos consultar ou se quer saber de nossos planos para o futuro.

Com muito pesar recebi a noticia de sua morte nas primeiras horas de sexta feira assim que se confirmou o sinistro na queda de seu avião. Dalto estava em mais um dos seus mandatos legislativos conferidos pela população como sinal de confiança e apreço pelo médico e oficial da policia, que muito contribuiu pelo estado do Amapá.

Sempre comprometido com suas ações, Dalto honrou os ideais para com os amigos, para o partido que representava e com a população que o elegeu. Um histórico de vida pública e privada voltada à família e a vida pública, defendidos até seu último dia de vida.

Sempre com um semblante sisudo até mesmo nos momentos de alegria. Foi um ferrenho debatedor e habilidoso formulador de propostas não só para a saúde, da qual sempre foi fervoroso defensor, mas também para outros projetos, como o curso de medicina que hoje existe no Amapá.

Sujeito fechado, como o estreito da cidade de onde nasceu, passou por momentos difíceis; até mesmo o isolamento da família, quando foi para o sul se tornar o doutor Dalto Martins e que para o Amapá veio para contribuir com sua história e fazer parte dela.

Dalto nos deixa duas lições valorosas sobre a vida. Uma é que sua intensidade deve ser vivida na plenitude de seus atos e nas experiências que levamos e deixamos, quer seja na forma de aprendizado, quer seja na forma de nossos descendentes.

A outra é que nunca seremos senhores de nosso destino, nem no dia em que deixamos o conforto cálido do ventre de nossas mães até o momento em que nossos pares nos entregam ao frio repouso debaixo da terra.

Vai amigo, só que agora não mais nas asas do famoso Romeu Romeu. Encontre-se com nosso criador para ajuizar as causas dos homens que ficam nesta vida da qual não fazes mais parte, mas tua memória ficará incólume diante de tua tão breve passagem.

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