Cada vez mais a vida nos mostra o
quanto somos insignificantes perante a vontade própria da natureza. Negar isso
é negar a efemeridade da vida e também negar nossa própria natureza de homens.
Amigo e companheiro de muitas
lutas politicas, Dalto Martins pode ser mais um dos muitos sinais de que a vida
nos cobra o preço por habitar nela, mas sem nenhum contrato formal, pode
rescindir seus préstimos a sua revelia sem ao menos nos consultar ou se quer
saber de nossos planos para o futuro.
Com muito pesar recebi a noticia de
sua morte nas primeiras horas de sexta feira assim que se confirmou o sinistro
na queda de seu avião. Dalto estava em mais um dos seus mandatos legislativos
conferidos pela população como sinal de confiança e apreço pelo médico e
oficial da policia, que muito contribuiu pelo estado do Amapá.
Sempre comprometido com suas ações,
Dalto honrou os ideais para com os amigos, para o partido que representava e
com a população que o elegeu. Um histórico de vida pública e privada voltada à
família e a vida pública, defendidos até seu último dia de vida.
Sempre com um semblante sisudo até
mesmo nos momentos de alegria. Foi um ferrenho debatedor e habilidoso formulador
de propostas não só para a saúde, da qual sempre foi fervoroso defensor, mas
também para outros projetos, como o curso de medicina que hoje existe no Amapá.
Sujeito fechado, como o estreito da
cidade de onde nasceu, passou por momentos difíceis; até mesmo o isolamento da
família, quando foi para o sul se tornar o doutor Dalto Martins e que para o
Amapá veio para contribuir com sua história e fazer parte dela.
Dalto nos deixa duas lições valorosas
sobre a vida. Uma é que sua intensidade deve ser vivida na plenitude de seus
atos e nas experiências que levamos e deixamos, quer seja na forma de
aprendizado, quer seja na forma de nossos descendentes.
A outra é que nunca seremos senhores
de nosso destino, nem no dia em que deixamos o conforto cálido do ventre de
nossas mães até o momento em que nossos pares nos entregam ao frio repouso
debaixo da terra.
Vai amigo, só que agora não mais nas asas
do famoso Romeu Romeu. Encontre-se com nosso criador para ajuizar as causas dos
homens que ficam nesta vida da qual não fazes mais parte, mas tua memória ficará
incólume diante de tua tão breve passagem.
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