terça-feira, 22 de junho de 2010

Anima Mundi


O latim com certeza é uma língua desprezada, morta não, pois para estar morto tem que se estar esquecido. E esse ainda não é o caso do latim. Posso afirmar que no rol dos sepultos, o sânscrito, o aramaico, o chadiano, o amárico, o osco, o umbro, o etrusco; podem fazer parte deste vasto jazigo de vernáculos falecidos.

Pois o latim ajudou a colocar a pá de cal sobre eles. O latim está presente em tudo; ainda circula livremente na biologia (Tapirus terrestris), no direito (qual advogado que você conhece não adora os termos ad Hoc e Hábeas Corpus?), nos contratos (ad referendum), nas terminações lingüísticas do qual é pai de línguas inimagináveis como o romeno, por exemplo. A igreja já o defenestrou a um bom tempo, pois quando eu fui seminarista (nem parece não é?), aprendi latim clássico (estamos nos referindo ao latim da época de Cícero, César e Sêneca) e as conjugações do verbo amar que não me saem da cabeça ate hoje nas palavras do padre Hemetério Alixandre (é isso mesmo!). Hoje não mais. Aprende-se o grego: ped agogós (isso é grego!), mas ao grosso modo quer dizer linguagem infantil. Que tem sido comum para os eclesiásticos nesses tempos cabeludos de ped phillos (isso é grego!), e nem vamos entrar no mérito de sua tradução.


Portanto, podemos distinguir o latim erudito em latim clássico e latim eclesiástico. Quanto aos dialetos, podemos dizer que não há dialetos latinos, uma vez que as variações populares da língua se transformaram em outros idiomas autônomos, como o português, francês, espanhol, o italiano e o infame romeno.


Temos também o não esquecimento de diversas palavras vivas que fazem jus ao latim clássico, como o texto do nosso artigo de hoje, que na interpretação comum do nosso leitor, parece que a maior feira de animação do mundo tem esse nome simplesmente por ser relacionada a animar o mundo. Mas na verdade o que é animar? Em nosso bojo cerebral vem logo a projeção de alegria, movimento, desenhos, estado de graça.


Anima na verdade se relaciona com tudo isso, mas seu âmago mesmo é de ALMA, a alma do mundo; podemos dizer que a alegria é a alma do mundo. Proposital ou não, o título do “anima mundi” é bem sacado para representar o que a alegria faz parte da vida, da alma, da essência de cada um de nós. O latim está mais vivo do que nunca, diferente do romeno que só e lembrado quando há necessidade de falar sobre o príncipe Wlad (o famoso Drácula de Bram Stocker). Ou há alguns anos quando o último ditador romeno Nicolae Ceauşescu foi executado pelo regime que o substituiu em 1989. Fora isso, acho que o latim continua vivo meio que acanhado, mas vivo; a beleza de sua sonoridade foi bem divulgada quando Mel Gibson resolveu fazer o seu “Paixão de Cristo” em original aramaico e latim (para os romanos apresentados na película). E mundo (ou mundi) afora podemos sempre contar com ele para amparar nossas deficiências lingüísticas e até encontrar fatos curiosos a cerca da formação das palavras. Com certeza o latim não passará, eu passarinho.



Nunquam Latinus mortus est Şi eu te iubesc şi îmi este dor de tine.

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