quinta-feira, 22 de julho de 2010

Vinde a mim oh memória da mediocridade!



Esta semana foi uma semana marcante no quesito esquecimento. O ato de esquecer povoa nossas mentes e vidas de uma maneira pungente. Às vezes me questiono quantas vezes deixamos de lembrar as fases boas de uma existência em detrimento a somente lembranças ruins, relevamos os momentos de uma vida inteira apenas pelo que está existindo e não pelo que já não mais existe, é quase como aconteceu na copa da áfrica do Sul, falou-se inúmeras de vezes de Mandela que está vivo e nenhuma vez de Biko que jaz, lembrando que ambos lutaram pelo mesmo ideal na mesma áfrica do Sul.


Mas quando fazemos um retrospecto de nossas vidas, lembramos o quanto fomos de alguma maneira, úteis a um propósito. É um comportamento muito comum para as pessoas que foram demitidas, por exemplo, elas se lembram de tudo que fizeram de útil em seus trabalhos e foram dispensadas por algo inútil.


Num breve relato de uma vida podemos citar inúmeras biografias de infinitos biografados que com características boas ou ruins, entraram para a memorável lista dos eternos. Cada um de nós pode viver este infinito ato dicotômico, onde a beligerância entre o ser ou ter sido útil algum dia, nos assombra como velhos fantasmas guardados em baús de lembranças que só nós temos a recordar.


Faz parte então da índole do ser humano esquecer fatos bons ou ruins, a memória é curta, quase uma RAM que quando sem energia para se manter, exorta os bytes ao limbo de binários incontáveis, um cemitério de recordações. Basta lembrar a memória dos políticos, que como baratas, sempre voltam, aos locais onde a miséria prospera e prometem mundos e fundos, e depois se esquecem de tudo.


Ou a memória dos incautos eleitores que continuam colocando estes mesmos elementos em cargos públicos e continuam afundados na mesma miséria de antes, com algumas cestas básicas a mais. Vinde a mim memória para lembrar-me de que os princípios da mediocridade ainda prosperam como larvas no esterco, mas a boa lembrança se afunda no lodo mais denso que a própria vida das lembranças.

Boa quinta feira

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