domingo, 6 de fevereiro de 2011

Liztmania


Você deve lembrar ainda daquele que foi o maior concerto beneficente mundial de todos os tempos, o Live Aid, realizado em 1985. Organizado pelo roqueiro Bob Geldorf (se lembrem dele no filme TheWall). Ele conseguiu reunir em Londres as megaestrelas da época e foi visto pela televisão por quase 2 bilhões de pessoas. A expectativa era de arrecadar um milhão de reais, e acabou arrecadando 150 vezes amais que isso.

Hoje você vê Bono Vox entre uma excursão e outra, zanzando pelo mundo, incluindo o Brasil. Discursando no G8 em Davos, ou visitando o Papa e trocando óculos por rosários. O líder do U2 é também um líder planetário, falando em nome de países mais pobres onde seus líderes não têm coragem de brigar por eles. Pede cancelamento de dívidas, luta contra a fome.

De Paul MacCartney a Sting, passando por Madonna, o que não falta é roqueiro, com sua ONG a tiracolo, para pregar pelos despossuídos e pelos indígenas, pelas matas virgens, pelos favelados, pelos animais. Esses músicos hoje são capazes até de influenciar debates sobre a crise econômica e até sobre a paz mundial. Mas há apenas dois séculos eram tratados como serviçais subalternos.

Mas como os astros conquistaram o poder de influenciar os rumos até da política internacional? Como conquistaram o poder de mobilizar e influenciar de multidões a poderosos chefes de governo?

Podemos dar um pulo ao século XVIII, onde em contraste com a enorme influência dos roqueiros atuais, naquela época os maiores mestres da história da música eram submetidos aos poderes despóticos do Estado e da Igreja.

Vejamos por exemplo, Bach foi preso a mando de seu patrão, e Mozart foi escorraçado de Salzburgo por ordem do arcebispo seu patrão. Mas tudo começa a mudar com Beethoven. Já em 1827 sua morte é lamentada como uma perda de toda a humanidade. Em pouco mais de uma geração os músicos tinham evoluído de lacaios trabalhadores semi-braças A condição semi-divina de gênios.

Abalando as concepções até então vigentes sobre o virtuosismo musical, Franz Liszt deixava multidões de admiradoras por onde passava, em uma prefiguração da meteórica carreira de ídolos populares do século seguinte. Após ser banido da Alemanha por atividades subversivas, Richard Wagner, inventor na revolucionária obra de arte total. Tornou-se objeto de veneração de reis, ditadores e magnatas (ótimo para um subversivo),

Com o advento da reprodução mecânica e, em seguida eletrônica do som, a música conquistaria espaços jamais sonhados por compositores e instrumentistas. Os Beatles representam esse momento culminante.

Percorrendo os desenvolvimentos políticos e sociais da música ao longo da história; vemos que os músicos saíram da submissão tirânica de patrões representantes do clero e da nobreza e forma para o lugar de prestígio e à fortuna atualmente desfrutada pelas estrelas do rock e também da musica clássica como alguns maestros e cantores.

Alguns podem até dizer que essa evolução é coisa do diabo, como disse uma vez um jornal Frances sobre a genialidade e a velocidade de Paganini ao violino:

“Paganini é satã no palco, caiam aos pés de satã e o adorem.

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