segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A arte de Furtar



O padre Antônio Vieira tinha certa predileção em ser irônico na arte do roubo, do furto, do "bom ladrão" ou de seu mais famoso opúsculo; a arte de furtar. Não tão contemporâneo; Vieira apesar de luso foi pragmático ao absorver e ilustrar com maestria o futuro das instâncias políticas das terras de Vera Cruz.
Nas Terras Tucujus não é diferente, sempre se acha um ponto ou um foco para se locupletar do erário, para se apropriar indebitamente as claras da justiça, que, diga-se de passagem, de nada justa se mantém.
Grandes caciques se aproveitam de todas as formas, como advogados viperinos, se aproveitam das brechas da lei para ganhar a causa, os políticos, os magistrados os servidores do bem público que de alguma forma alcançam a bolsa da viúva, o que nos leva a pensar: Terá esperança para o filho da viúva?
Certa vez recordo de um caso muito hilário quem nem chegou a público, mas em vésperas de eleições estaduais, um determinado grupo político estava a contar os grossos maços de caraminguás para compra de voto quando uma batida da Policia Federal adentrou a larga calçada da residência onde se fazia a divisão do subsídio da captação ilícita de sufrágio.
Em uma ação digna da descrição de Vieira, logo se pensou em como dar sumiço a prova cabal do crime, e logo se deu a solução; queimar os maços do dinheiro ilegal e fingir-se em uma cerimônia ritualística de umbanda, cerimônia essa, bem cara pois segundo as fontes presentes a fogueira de quase um milhão de reais era suficiente para baixar todos os caboclos e até os Orixás do Gantois.
Esta semana o Juiz presidente da justiça amapaense determinou que os juízes de todas as instâncias e desembargadores entreguem uma declaração de patrimônio, ante as bocas da visita de Eliana Calmon que estará possivelmente aqui em uma visita do CNJ.
Até parece que os magistrados que enriqueceram ilicitamente terão guardados em suas cadernetas de poupança os frutos de suas sentenças, ou que os vultosos imóveis por eles adquiridos na folia sentencial estarão no nome dos proprietários, sabe-se que de crime, somente os bandidos e os juízes entendem da melhor forma de suas instancias. Inocência do Juiz presidente...
Vale lembrar que certa vez da visita de Eliana Calmon aqui no Amapá, uma escolta da Polícia Federal a levou até a Assembleia Legislativa para uma visita do protocolo. Ao ver tantas viaturas da PF na porta da AL, a maioria dos deputados passavam direto pelo prédio e com temor de que suas vidas pregressas tivessem sido deflagradas pela PF, passaram a frente. Foi preciso o presidente da casa. Ligar para os fujões, e esclarecer que se tratava da visita de Eliana e que precisava deles lá para dar quórum e receber a ministra.
Até no esporte, os recursos são surrupiados, segundo a Veja desta semana, Alfredo Nascimento da pasta dos esportes, recebia seu agradinho na garagem do ministério. Uma vereadora portenha pseudo-brasileira, amealhando por uma verdadeira quadrilha recursos que para alimentar uma tropa, alimenta apenas um grupo bem pequeno de crianças.
Usa-se de tudo, aproveita-se de tudo para surrupiar o alheio. Até mesmo explicações como a do aposentado por nefropatia grave, se dizer curado há trinta anos quando se aposentou na farra das aposentadorias de uma assembleia legislativa. -Foi milagre! Disse ele a repórter. Você não acredita em Deus...
Para terminar, vamos apenas a declaração do presidente da Assembleia Legislativa do Amapá ao tentar explicar por que a presidência tem quase mil pessoas para assessorar um único indivíduo. -Como você acha que nossos deputados terão a representação política em todos os municípios e localidades e efetuar um bom trabalho? Nossa então vamos dizer que o trabalho da AL do Amapá quem nem tem emendas orçamentárias para obras públicas (graças a Deus!) tem um trabalho maravilhoso. Já que funcionários não faltam, inclusive os que trabalham no cemitério. Haja reza...

“E prouvera a Deus não tivera tanto de nobre, pois vemos que e tudo o mais que tem preço; e os sujeitos em que se acha são, por meus pecados, os mais ilustres. E para que não engasgue algum escrupuloso nesta proposição, com a máxima de que não há ladrão que seja nobre, pois o tal ofício traz consigo extinção de todos os foros da nobreza (…) entendo o meu dito segundo o vejo exercitado em homens tidos e havidos pelos melhores do mundo, que no cabo são ladrões, sem que o exercício da arte os deslustre, nem abata um ponto do timbre de sua grandeza.”.



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