quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Capuletos e Montecchios

Eis que o Amapá tem suas semelhanças com o drama de Verona, afinal, estas terras vivem em uma dualidade quase paradoxal. A imprensa chega a ser um grande expoente dessa teoria dicotômica como as famílias rivais de Shakespeare.
Todos os dias, a caminho de minha rotina diária; costumo ler os diários locais, ouvir as rádios do dia (no headphone) e sacramentar com os noticiários televisivos durante o almoço. E o que se vê, salvo alguns exemplares idôneos e alguns radialistas ou apresentadores de mais lisura e credibilidade que se mantém em zona neutra. O resto é uma salada de comunicadores com a boca regada a dinheiro de algum dos lados.
Até algumas semanas atrás, havia dois jovens que tinham um programa na rádio. Para distração quanto ao besteirol, já que ele se implantou na televisão com coisinhas do tipo “Legionários”, “CQC” e outras perdas de tempo, até que o programa se mantinha bem. Lá eles pelo menos faziam algumas denuncias produtivas, mesmo que sendo pagos para fazê-las. E assumiam sua posição de parasitas pubianos a vista clara. Por algum motivo acho que o dinheiro que os mantinha, acabou e eles saíram do ar sem mais explicações.
Mas o que se vê nos demais programas é um excesso de sedas rasgadas com uma competência exímia. Já que não somos tão alienados a ponto de não perceber que tais apresentadores estão recebendo para veladamente expor uma falsa posição favorável a A ou B. Essa atitude não passa despercebida.
Não condeno quem toma para si o lado de sua preferência. Mas como pessoas que expõem sua opinião e até ajudam a formar a opinião alheia, este veículo de desserviço chega a ser tão eficiente quanto a cantilena de algumas seitas que submetem os fiéis a uma grande lavagem neural para lhes amealhar uns trocados para o caixa.
Alguns são até louváveis. Existe um grupo de radio e tele-difusão pertencente a um senador da oposição, que bombardeia as ações do governo das quais acham ineficientes, através de seus programas jornalísticos. Não condeno, afinal sabemos que apesar de concessão pública apartidária, a comunicação serve para expor opiniões. Mas sejamos justos e sejamos diretos.
Receber dinheiro publico para falar bem de uma administração é algo tão velho quanto as prostitutas (estas que me desculpem), os próprio imperadores romanos pagavam arautos para falar das glorias do império ao povo e informar o mundo em suas andanças de como Roma era grande.
Os jornais escritos também têm sua parcela de parcialidade, o que invalida os jornalistas sérios, pois a inundação dos disse-me-disse que pululam a imprensa, chega até anuviar a imprensa séria, como no caso de hoje, onde um radialista passou duas horas falando de como a expo-feira amapaense é linda como a Bahia de Caetano, deu até parecer técnico sobre a segurança dos brinquedos do parque de diversão (isso não era papel dos bombeiros?) e não falou uma linha se quer sobre a queda do ministro dos esportes.
Certos temas que realmente interessam; como as crises, as obras públicas paradas sem explicação, os casos de disseminação de doenças e falta de medicamentos, a conjuntura política nacional que nos afeta a todos e até mesmo a contribuição que grandes empresas que estão instaladas aqui se dão realmente retorno.
Esta semana A presidente Dilma, inaugurou uma ponte no estado do Amazonas e prolongou por mais 50 anos a concessão da zona franca de Manaus. Mas aqui no Amapá não veio nenhum centavo desse incentivo da Suframa. Pergunto a vocês, quais tarefas nossos políticos de Brasilia faziam nessa hora? Lutava uma bancada inteira para que uns poucos professores continuassem com a gratificação expurgada pelo governo federal.
O coletivo que é bom, nada. O que a imprensa cobriu? Cobriu se a expo-feira tinha ou não público. Grande contribuição jornalística. Já dizia Amélie Poulain: “O idiota quando aponta para o céu, olha para o próprio dedo.”

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