terça-feira, 25 de outubro de 2011

Era uma vez no oeste...

Na semana que passou o presidente do Senado Federal, José Sarney fez grande alarde sobre a devolução de terras da União ao Amapá. Isso é até louvável em uma terra com alto grau de conservação dos biomas amazônicos, mais até mesmo que o próprio Amazonas.
Mas a fundo nessa história de terras, envolvendo conflitos agrários, assassinatos de sindicalistas e lideres de movimentos pró-territórios e demais situações já históricas na Amazônia, de Galvez a Dorothy Stang. Sarney tem grande experiência em áreas latifundiárias e energéticas a longa data em sua história politica.
Não é a toa que o senador é um grande proprietário de terras em seu estado de origem e com certeza a inocência do leitor pode ser testada nessa benfeitoria do senador. Partindo do princípio de que o Maranhão é o maior exportador de imigrantes do Brasil, isso graças a primeira experiência agrária do senador quando ele ainda era governador de seu feudo particular na década de 60.
Escondido atrás de políticos já falecidos, o monarca de Curupu, tenta falsear a verdade, como faz agora, tentando trazer para si o benefício da devolução das terras ao Amapá. Mas é bom lembrar que no Maranhão houve uma "reinvenção" modernizada do latifúndio com a Lei de Terras decretada pelo Governador Sarney, em 1969: as terras públicas do Estado foram leiloadas e entregues aos amigos e sócios da família.
Quem sabe o Amapá agora não grace de sua ânsia por mais terras, talvez não para si, mas para o loteamento desenfreado do protótipo de sua “Lei de Terras”, que praticamente forçou os pequenos agricultores a iniciarem um êxodo a princípio para a capital São Luís e posteriormente para se dissiparem por todo o país, devido as suas terras terem sido loteadas e inseridas como moeda de barganha e retorno a várias multinacionais que tinham interesse em terras em nossa região, dentre elas muitas que nunca colocaram um só centavo na Amazônia e mesmo assim tem grandes lotes particulares na mesma.
A devolução de terras que a União tutelava para si, não é algo tão recente quanto o propagado maciçamente, afinal Lula em 2007 já havia sancionado a tal lei 6.291 que posa como novidade, para usufruto e gozo do senador que é quem agora traz as loas para si. Talvez para apagar sua experiência desastrosa no passado.
A lei de terras de Sarney é criticada há décadas por pesquisadores da realidade agrária e que desencadeou a mais crítica problemática fundiária do Maranhão. E até ele mesmo admite que a venda de terras devolutas abriu as portas para o latifúndio especulativo, a grilagem e a expulsão de posseiros e pequenos produtores rurais; sendo assim danosa.
Portanto, percebe-se como, para manter o monopólio e a alcunha de benfeitor, o senador mais uma vez erra a verdade, buscando de todas as formas limpar sua biografia  e promover nova fraude  da história como sempre, quando algum fato fere sua biografia lustrada a kaol (vale lembrar que ele tentou o mesmo com relação ao impeachment de Collor e a sua participação como filhote da ditadura).
O certo mesmo é que o estado do Amapá passa a ser dono de si próprio, de seu solo e suor, senhor de seu território e por fim sem senhores a adonar-se dele, essa é a prerrogativa de seu povo se assim o quiser a não se submeter ao julgo que o Maranhão levou mais de meio século para entender.
Desenha-se assim o ingresso do Amapá em uma nova fase de desenvolvimento local, com a construção das usinas que o deixarão auto-suficiente em energia e assim apto para ser uma economia representativa ao Brasil e digna de ser olhada com respeito pelo governo federal e os investimentos que embora tímidos, chegam por aqui.
Vinte anos com um senador que por três vezes presidiu a casa, com a influencia e o poder politico que tem. E ter apenas uma universidade federal já sucateada e alguns caraminguás justificam não se aprumam mais, já que este senhor das terras do Calhau e Curupu veio aqui, tomou votos, fez promessas vazias e agora finge ser o caudilho que devolve terras que são amapaenses aos amapaenses. Quem sabe assim, se apossando dos créditos dessa lei ele tente apagar uma das muitas máculas que lhe tisnam a biografia.

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