Grandes embates se iniciam no Amapá, criando mais uma fila no governo PSB, a fila de farmácia, onde as dores de cabeça se avolumam devido a crise inicial da CEA. Afinal, o problema não atingiu só uma empresa sucateada por natureza, mas por vício.
O governo do estado peca por falta de capacitação técnica, esta perola não vamos repetir, mas quanto ao planejamento da CEA as coisas ficam cada vez mais críticas visto que alguns dos seus diretores junto com o presidente Ramalho; vagam em via crucis de rádio em rádio, de TV em TV tentando de todas as formas anuviar o óbvio: A CEA no modelo atual, está fadada a um poço sem fundo.
Em uma entrevista inicial, logo que começaram os apagões, o diretor técnico da CEA disse logo que a culpa da suspensão do fornecimento era da Eletronorte, esta logo se pronunciou e mandou seu engenheiro técnico à televisão para desmentir o fato, já que a usina Coaracy Nunes, apesar de estagnada no limite de sua capacidade estava operando normalmente.
Logo em seguida a ASCOM da CEA vem a público dizer que a culpa é das chuvas repentinas que derrubam galhos de árvores sob a já obsoleta rede. Mas isso é visível de que Macapá mal tem arborização, imagina o número suficiente de fustes altos para derrubar com freqüência galhos sob tais cabos em bairros como os da zona norte que mal tem grama.
Por fim se manifestam em outra versão de que a culpa por fim é da rede obsoleta e da falta de manutenção devido à escassez de recursos para a manutenção. Mas e o dinheiro? O GEA remanejou 18 milhões para a CEA através de recursos do BNDS, coisa impensada, pois é o mesmo que em economia doméstica, um trabalhador tomar o valor do cheque especial para honrar a fatura mínima do cartão de crédito. BNDS gera endividamento, a longo prazo, mas gera.
A CEA tem uma longa história, de insucessos e derrocadas, por varias vezes esteve a beira da federalização, tão temida por seus componentes, pois isso geraria controle demasiado sobre os gastos. Planejada em uma época em que o estado era bucólico e com 20% da população atual, a CEA parece agonizar e batalhar sua ultima justa.
O medo de ser federalizada ou privatizada invade o que os amapaenses chamam de seu patrimônio, mais histórico do que energético. Contrasta diretamente com outras bem sucedidas privatizações, sem querer comparar com o caso da Vale do Rio Doce, que era realmente lucrativa e foi dada de presente à iniciativa privada.
A CEA deve ser privatizada, o sonho amapaense do funcionalismo público eterno, deve ser bloqueado, por causa dele o estado encontra-se como está. A CEA não tem mais como sobreviver; sucata sobre sucata e não adianta passar cal nos muros e fingir que está tudo bem porque existe uma cerca elétrica que pode não funcionar.
Grandes empreendimentos elétricos surgem no horizonte da Eletronorte, mas será que a CEA vai ter condições de suprir as necessidades básicas? O ex-senador amazonense Carlos d’Carli construiu uma bela termelétrica movida a brikets de capim elefante ali no Km 9, não consegue operar por que vários “empecilhos” governamentais que travam o start up da usina.
Que sério empreendedor teria coragem de investir aqui? Sabendo que grandes entraves virão quando chegar a hora de iniciar suas atividades sei que a usina iria vender o excedente à CEA, mas parece que a situação não quer, afinal é mais cômodo alugar grupos geradores.
Hoje no modelo atual a CEA não tem nenhum planejamento de crescimento populacional para dimensionamento de carga, não há material, não há mão de obra técnica (sempre isso!), não há vontade de se mudar as coisas em um viés onde o destaque é a tal mudança.
Pode até não estar acontecendo o redirecionamento de carga do alimentador da Fazendinha ou de Macapá, como se suspeita, para suprir as necessidades da expo-feira, mas que a coincidência é grande é. Só espero que a próxima justificativa da CEA para os apagões, não seja o de que alguém anda colocando Bombril nos transformadores só para fazer com que mais uma vez o governo e seus administradores sejam vítimas infelizes a chorar no escuro.
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