No inicio de ontem a PM paulista cumpriu a decisão judicial de reintegrar a posse do prédio da reitoria da USP. 70 manifestantes foram detidos e acusados indiciados por desobediência a ordem judicial e destruição do patrimônio público.
Uma operação bem Hollywoodiana foi montada pela PM. Cerca de 400 homens armados, 50 viaturas e dois helicópteros foram o aparato utilizado para prender os 70 “criminosos” fortemente armados com seis coquetéis Molotov.
Como a operação ocorreu na madrugada, por volta de 5 da manha, os estudantes confinados no prédio da reitoria foram pegos de surpresa e não ofereceram resistência contra a invasão da policia.
A invasão teve sua origem motivada contra a presença da Policia Militar no campus da USP Butantã que acabou prendendo alguns estudantes (maconheiros) de posse de maconha (não falei? Maconheiros) e para dar um verniz mais social ao protesto, alegaram que alguns funcionários da USP têm sofrido processos administrativos injustos.
A policia nunca foi bem vinda dentro do campus da USP, em face de uma velha rixa remanescente da ditadura, quando depois de muita negociação de direitos, a policia foi destituída da segurança do campus.
Mas voltou de uns tempos pra cá a operar na segurança desde que o Reitor Grandino Rodas e o Governador Alckmin passaram a defender a presença da PM no campus após a morte de um estudante ocorrida em maio deste ano.
O grande pavor dos estudantes é de que a PM passe a coibir não só os crimes dentro da USP, mas também interferindo nas manifestações de caráter politico ocorridas com frequência, nesta que é a maior instituição da América Latina.
Parece irônico que enquanto uns rechaçam a presença da polícia, outros clamam pelo menos a presença dela em locais onde realmente ela é necessária. Não sou favorável a invasão e depredação do prédio da reitoria da USP, afinal sou de um tempo em que manifestar era preciso e manifestar com violência e raça era necessário, afinal podia ser a única chance antes que o DOPS baixasse o cassetete.
Mas vem a grande contradição. Naquela época, tínhamos o motivo da falta de liberdades constitucionais tolhidas pelos diversos atos institucionais do governo militar. O que nos faltava eram oportunidades para manifestar. E isso os estudantes tem em demasia e não usam com maestria com o seus antecessores.
Hoje se tem a total liberdade de manifestar-se, de chegar em frente ao Senado Federal e colar cartõezinhos vermelhos nas paredes com forma de protesto contra o código florestal. Se levar choque com pistola elétrica, de ser arrastado pela policia do congresso.
Mas por uma causa válida, justa e serena.
Mas ao criar um rebuliço destas proporções, simplesmente por causa de um baseado, faz os estudantes parecerem meninos mimados querendo seu brinquedo preferido, derrubando a honra de todos os outros estudantes antecessores dos maconheiros, que lutaram, alguns até sucumbiram nas mãos do DOPS, só para manter a policia fora do Campus.
E a PM paulista também ficou feio, um aparato destas proporções para prender estudantes desarmados, é simplesmente prova de desperdício de dinheiro público, a não ser que o interesse eleitoreiro (sempre ele) esteja envolvido.
Deixaremos os estudantes saírem da cadeia, refletirem e chegarem ao acordo de que a PM deve permanecer do lado de fora dos portões do campus. Vamos torcer para que essa leva de novos estudantes; consigam manter a honra lavada dos que conseguiram a duras penas fazer com que o simbolismo da não entrada da PM continue valendo.
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