quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ignoto ignóbil, o ignorante ignorado


Ignoto Ignóbil desembarcou em Macapá na madrugada de ontem e já cheio de dúvidas e incertezas em sua atormentada mente, começou a se perguntar por que veio. Afinal ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Macapá já teve sua grata cota de espera, pois os 37 minutos que o separavam da capital paraense, sua ultima escala foram menos atormentadores que os 43 minutos que passou na sala de desembarque a espera de sua bagagem, já que veio de mala e cuia.
Ao olhar para o lado, Ignoto viu o imponente esqueleto de uma construção, que para sua informação via taxista era o novo aeroporto, mas que por uma pequena falta de entendimento entre os partidários do Presidente do Senado, o TCU e o colega Zuleido Veras, da Construtora Gautama; o finado aeroporto deverá daqui a algum tempo fazer parte daqueles concursos nacionais que elegem estruturas antigas como as Pirâmides de Gizé e a Muralha da China como maravilhas arquitetônicas antigas e inacabadas.
Admirou-se como dona chica, ao saber que ninguém se importa em ficar em um aeroportozinho desconfortável, apertado e sem nenhuma estrutura para mais que dois voos simultâneos. Ninguém cobra de ninguém uma satisfação ou providencia sobre o futuro, pois o imponente nome de aeroporto internacional parece piada pronta diante da estrutura atual que mais lembra uma rodoviária do interior de Pernambuco.
Rumo ao centro, de taxi, Ignoto foi observando a fartura da nova terra ao admirar-se de tantos modelos de veículos novos e semi-novos nas ruas, mais até mesmo que em sua terra de origem, a capital mais rica do país. Ao saber que mensalmente a cidade recebe uma média de mil veículos novos, pensou ele, há muito dinheiro nesta terra então, e realmente parece que há.
Ignoto fez uma pequena cruzada sócio-politica para dar o ar de sua graça nas terras Tucujus, e para isso fez uma visita de cortesia ao líder do executivo, mas ficou meio sem graça ao saber que o mesmo nem tem agenda e quando tem só atende ao que lhe convém, e às vezes nem sabe ao certo o que lhe convém, pois a julgar pelas pencas de assessores dispersos dentro do palácio do governo, percebeu que a maioria só tem um objetivo: proteger seu ganha pão, fazendo com que o governador fique cego, surdo e mudo.
Meio desestimulado, fez algumas visitas aos secretários de estado, e descobriu algumas curiosidades bem esdrúxulas sobre os ocupantes das pastas: Na Secretaria de turismo, entendeu que a secretária Helena Colares é quem na verdade faz o turismo, mas o pessoal, pois nunca esta na secretaria que chefia, quando não está na militância de seu partido, está incomunicável por algum motivo obscuro.
Na Cultura, ficou feliz em saber que um agente da cultura, um músico, chefia a pasta, mas que pela quantidade de apadrinhados rodeando o mesmo com ideias no mínimo condenáveis e absurdas fazem com que o mesmo na sua mera incipiência acabe chegando aos finalmentes assinando os papéis e levando a vida.
Na saúde, nem se fale, a maioria dos funcionários da própria repartição desconhecia o secretário ou a sua existência, sendo mais uma vez um homem desconhecido. Já na educação, nem se conhece quais as prerrogativas do secretário para ocupar a pasta; que segundo a boca pequena da repartição, só fez o ensino médio, ou seja, até o Tiririca serve. Enquanto que a lei de representação do executivo está em vacância, pois o Procurador Geral achou tão complicado procurar algo improcurável que acabou indo ser defensor público no estado vizinho.
Só então, quando resolveu ir ao desenvolvimento econômico, descobriu que a secretaria responsável pela indústria e comércio do estado é tão pequena, mas tão pequena que nem tem espaço para o secretário, que às vezes desconhece o tamanho da sua pasta ou se faz de convidado em sua própria festa.
Na desilusão com executivo, foi à casa do povo, mas viu que o grande rebuliço que estava lá acontecendo, tal que havia parado a função da casa por alguns instantes, não era um anuncio importante de alguma medida que beneficiaria o estado de alguma forma, mas sim a presença dos palhaços de terno da Band, que na falta de piadas em seu reduto de origem, foram atraídos àquela casa que tem sido motivo de noticiário nacional ultimamente, então rende a piada dos cem mil.
Entre fotos e flashes, foi-se para fora da casa, pois não conseguiu dar seu alô ao presidente da AL, pois o mesmo não atende diretamente ao público já que a demanda é grande e o legislador precisa trabalhar e seu assessor faz esse trabalho, por isso é preciso ter algo relativamente importante para conseguir dar um alô ao presidente.
Ignoto voltou ao hotel, entrou na internet e passou algumas horas para conseguir entrar no site da companhia aérea, pois a banda era estreita e lenta permanece e quando finalmente conseguiu se conectar a energia foi embora o deixando às escuras.
Já em clima de vai embora, nosso herói está indo, com uma lição bem escolada: Por hora o Amapá não precisa de grandes técnicos ou profissionais gabaritados, pois assim como ignoto Ignóbil, muitos vêm e vão embora, pois os tolos que se iludem com o poder e nenhuma graça de conhecimento acham que quatro anos são bastante tempo para ignorar o mundo, e em retorno o mundo parece continuar a ignorar o Amapá...

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