sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Ter uma casinha branca de varanda...


A física básica estabelece que as cores tem uma relação direta com a propagação de energia, sendo assim cada cor refrata as ondas de energia correspondente ao sue comprimento de onda irradiante. A premissa básica é: “A cor preta é a ausência de luz, por conseguinte absorve mais energia ao ser exposta a fonte de luz, retendo a mesma e gerando calor potencial”. Já a cor branca é a fusão de todos os comprimentos de onda e por isso tem tendência a saturação de energia e reflexão da mesma”.
Baseado nessa função básica da optica, vários segmentos da sociedade tem instituído a ideia dos chamados “Telhados Brancos”. A ideia é muito criativa no sentido de tentar amenizar a cúmulo de calor e diminuição dos índices de carbono atmosférico. Mas carece de mais fundamento técnico e econômico para realmente ter sua aplicação eficaz e alguns benefícios fictícios sejam derrubados.
O universo dos legislativos também tem encampado a ideia baseados na campanha “One Degree Less” (um grau a menos, em inglês), divulgada no Brasil pela ONG GBC. A campanha sugere que o uso de telhados brancos nas edificações pode reduzir os efeitos do aquecimento global e o consumo de energia. O estudo também afirma que 100 m2 de área branca são capazes de compensar a emissão de 10 toneladas de dióxido de carbono por ano.
Tomando por exemplo os dados da GBC, embora muito vagos e duvidosos quanto a área coberta. Digamos que os telhados ocupassem um total de 95 Km2 em uma área urbana de 380 Km2. Seria capaz de compensar aproximadamente 9,5 milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano.
Vamos transpor essa ideia para a realidade amapaense que tem valores similares e colocar alguns pontos sob a mira da física e economia básica. Caso se resolvesse aplicar esta politica em Macapá que tem 32,7 Km2 de área urbana e se tivesse seus telhados pintados de branco teria segundo os estudos fornecidos pela GBC uma compensação de 2,71 milhões de toneladas de dióxido de carbono ao ano.
Mas qual seria o custo econômico-social de uma ação como esta? Vamos descartar o uso de telhas brancas, pois isso seria proibitivo quanto ao custo de aplicação e vamos passar a pintura. Para tingir esta área, seriam necessários 5,8 milhões de litros de tinta, o que significa consumir basicamente 1,02% de toda a tinta branca produzida no Brasil em um ano.
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Tinta (Abrafati), 18 litros de tinta são suficientes para pintar 100 m2 de telhado. Superfície que não pode ser pintada com tintas de pigmentos comuns como: cal, PVC ou látex, mas sim com tintas especiais a base de epóxi, que são compostos mais resistentes que os polímeros simples e como o telhado sofre constantes intempéries a durabilidade é essencial.
Como a lata de uma tinta premium de 18 litros gira em média de R$ 160, o custo para pintar todos os telhados estamos falando e 5,8 milhões de reais em tintas, não levando em conta os custos de mão de obra pois varia de caso a caso. Sem contar que a especulação em cima dos preços em função da busca excessiva fará com que falte tinta no mercado e, por conseguinte aumento de preço em função da carência de produto. Regra básica da economia.
Vele lembrar que a One degree lesse é patrocinada e apoiada fielmente pela Sherwin Williams, Dow Chemical e Iquine, que para quem não ligou o nome ao lobo, são os maiores fabricantes de tintas e pigmentos do mundo.
Projeto semelhante foi apresentado pela Deputada Roseli Matos esta semana na Assembleia Legislativa, mas por pedido de vistas sua votação foi paralisada. O projeto da Deputada é menos ousado do que a maioria dos projetos apresentados em câmaras e assembleias de representantes do povo. Estabelece apenas que as novas edificações de propriedade do Estado sejam adaptadas aos telhados brancos.

Como isso incide custo ao orçamento estadual, o Governador caso o projeto de lei seja votado na AL, deva vetar o mesmo a não ser que a AL indique a fonte de recursos para esta despesa adicional. O estudo do GBC é valido, mas ainda não considerado definitivo e nem estabelece o impacto positivo para pequenas áreas quase sem representação matemática no universo de reflexão de calor e diminuição da geração de dióxido de carbono.

Mas, todo o esforço para diminuir os danos causados pelo impacto ambiental que todos nós causamos, com certeza todas as ações são válidas, mesmo as que parecem andorinhas voando sozinhas, mas na verdade podem ser uma solução viável para nosso futuro.

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