sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

10 motivos para se indignar Lá e Cá

O ano de 2011 já respira por aparelhos. Tanto a presidente quanto os governadores também são outros (fora os reeleitos). Mas ainda temos motivos para nos indignar com muitas coisas que parecem não ter mudado ao longo do ano que se vai. Faltou vontade política ou atitude nossa? Ou ambos? Vamos tentar pelo menos diminuir os itens daqui a um ano, quem sabe a gente consegue, já que emagrecer, não dever muito aos bancos e reformar a casa, são resoluções de ano novo bem mais difíceis de cumprir.

1) A falta de saneamento e habitação decente para os mais pobres. O número de brasileiros em favelas dobrou em uma década, segundo o IBGE. Em dois anos de Fernando Henrique e oito de Lula, passamos a ter 11,4 milhões de brasileiros em favelas. A população carente cresce mais que famílias de outras classes sociais. E não se discute planejamento familiar porque a Igreja não deixa. E no Amapá se fala em distribuir casas populares com uma facilidade como se fossem feitas de papelão, mas por ora só o mucajá e olhe lá.

2) O escândalo do Enem, um exame até agora em suspenso devido a vazamentos e confusões em cálculos de notas. E o analfabetismo no Brasil, maior que no Zimbábue. No ano passado, éramos a oitava economia mundial, mas em breve seremos a sexta. Quando a educação será nossa prioridade em número de alunos e qualidade de instrução? Greves de professores, salários defasados, crise no sistema educacional, falta de merenda, caixas escolares usados como se fossem posses próprias, este é o quadro atual da educação do Amapá.

3) Os absurdos privilégios dos deputados e senadores, que aprovam aumentos para si mesmos e, além de receber 15 salários por ano e ter dois meses de férias, dispõem de verba extra indecente: cerca de R$ 30 mil mensais, para gasolina, alimentação, correio, telefone, gráfica. Além de todas as mordomias, os deputados esperneiam para aumentar a verba mensal de gabinete de cada um, de R$ 60 mil para R$ 80 mil. O que fazem os secretários dos deputados? O Congresso entende o momento da economia ou precisa explicar? E o que é pior, onde deveria ser menor é maior, A assembleia Legislativa do Amapá, aprova para si um orçamento maior do que o da cidade de Santana; aprovam limite de verba indenizatória de 100 mil e ainda ajudam a envergonhar mais ainda a já convalescente imagem do amapaense Brasil afora.

4) A impunidade de corruptos nos Poderes. Exonerar meia dúzia de ministros não basta. A Controladoria-Geral da União acaba de revelar que R$ 67 milhões devem ter sido desviados pelo Turismo do ex-ministro Pedro Novais. Duvido que seja tão pouco. Melhor mesmo é esquecer palavras como “desvio” e “malfeito” e chamar à pelo nome real: roubo.
2 bi é a provável quantia que deve ter sido roubada durante o mandato do PDT, prisões, acusações, e muita falta de explicações a população sobre o que realmente é verdade, fato ou fantasia.

5) A agressividade no trânsito, que torna o Brasil recordista em mortes em acidentes. A novidade em 2011 é que chegamos ao maior número de vítimas em 15 anos. Já são 40.610 mortos no trânsito, média de 111 por dia, 4,6 por hora, mais de um morto a cada 15 minutos. Uma das causas é o aumento das motos. Morreram mais motociclistas que pedestres. Uma grande parcela destas estatísticas colocam o Amapá em destaque em acidentes com vítimas devido a imprudência no transito, que mesmo que se diga, não tem a caoticidade que tanto se apregoa.


6) A falta de educação da elite brasileira. Boa parcela de ricos desenvolve falta de educação associada à arrogância e à crença na impunidade. Joga lixo nas praias e da janela de carros importados, dá festanças ignorando a lei do silêncio, viola a legislação ambiental e sempre quer levar vantagem. Esse item continua igualzinho ao ano passado.
Aproveita-se da posição para dar as famosas “carteiradas”, políticos que se escondem do povo depois de eleitos e sob a falsa moral de que servem ao povo, passam por ele em seus carros peliculados de 100 mil reais como se o povo fosse um monte de “sapos” ou “vagabundos”.

7) Os impostos escorchantes, que não resultam em benefício para quem precisa. Cartéis punem o consumidor e tornam produtos e passagens aéreas no Brasil muito mais caros. Outro item igual ao ano passado, com um agravante: o custo de vida está bem mais alto. Habitação e alimentação estão caríssimos e até os estrangeiros reclamam. Com 50 reais você não compra mais nada, a cesta básica em Macapá foge a realidade do restante do Brasil, a economia do comércio agoniza sob o olhar impotente do poder público que somente cria paliativos para tentar minimizar a queda da economia e o aumento da dependência em repasses federais.

8) A falta de um sistema de saúde pública eficiente. Grávidas ou velhos morrendo em fila de hospital ou por falta de leitos e médicos é inaceitável. Dentro desse quadro, impressiona ainda mais o abandono, os hospitais foram construídos pelo primeiro administrador há décadas, quando se imaginava uma população 5 vezes menor. Os tratamentos são escassos e os médicos mal pagos se afundam em um sistema caótico de consultas improdutivas pelo tempo em que os exames e retornos acontecem. O câncer se tornou uma praga, e os tratamentos por falta de pagamento, paralisam-se, e muitos dos pacientes de TFD ficam abandonados pelo poder público em estados que não os de seu domicílio.

9) A deficiência de transporte de massas, num país que fez opção equivocada pelo carro e hoje paga o preço de engarrafamentos monstruosos. Metrôs e trens, ligados a uma rede de ônibus sem ranço de máfias, deveriam transportar todas as classes sociais. O preço da passagem não é condizente com os serviços. O transporte é deficiente e não atende as demandas públicas, a população padece em paradas inexistentes sob a espera de um ônibus que muitas vezes quando para, não se consegue embarcar por falta de vagas até para ir em pé.

10) O descolamento do Supremo Tribunal Federal da realidade do país. Os meritíssimos juízes estão cada vez menos ágeis nas votações que interessam à população, como é o caso da Lei da Ficha Limpa e o escândalo do mensalão. Mas, quando o interesse é próprio, são rápidos até demais. Bom lembrar que não são todos os ministros que aprovam a conduta do STF este ano. Agregada a decisão unilateral de “conter” as ações do CNJ e da inépcia em harmonicamente gerir o destino da nação onde também é poder soberano.

Indigne-se, mas não seja chato. Contribua para a mudança. Melhor ser um indignado otimista que um resignado deprimido. Espero, em 2012, escrever “10 razões para comemorar”. Boas festas!
  

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