segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Quem quer ser milionário?

Em 1608 meses, um assalariado brasileiro pode ficar milionário. Parece absurdo? Não. Mas se poupar o salário do mês sem gastar nenhum centavo e muito menos contribuir com qualquer encargo terá no final de quatro anos um pouco mais de um milhão de reais.

O que é curioso, não é o fato de em menos de cinco anos você conseguir ficar milionário ganhando salário mínimo, mas a não ser que você seja um ser inanimado que não necessite de nenhum substrato nesse período, não aconselho tal empreitada. Pois mesmo sendo uma possibilidade real e absurda ao mesmo tempo, saber quem nem todo mundo chega a esse patamar de estabilidade financeira de maneira sacrificante como o exemplo citado. É de uma revolta interna muito grande.

A revista Exame divulgou um mapa da riqueza no Brasil e com um dado bastante curioso senão estranho à uma realidade que não justifica de maneira racional a presença de 476 indivíduos com mais de 50 milhões no cofrinho de moedas residindo no Amapá. O que o coloca em 17º lugar no ranking, deixando estados vizinhos como o Pará em 23 º lugar com 182 milionários e Amazonas em 20º lugar com 399 carteiras recheadas. Deixando Rondônia na lanterna em 27 º lugar com apenas 28 bon vivants.

O mapa também mostra uma curiosidade em relação aos seus companheiros do grupo de estados pobres, já que está em paridade em milionários com o Maranhão 16º lugar com 504 milionários e Alagoas em 15 º lugar com 508 contas rechonchudas. Mostra-se que mesmo com o PIB e o IDH bem inexpressivos estes Estados produzem abastados como larvas no esterco.

O Pará e Amazonas possuem um índice de industrialização e economia superiores ao Maranhão, Alagoas e Amapá, sendo que grande parte das grandes empresas dos segmentos da indústria de transformação nos estados do norte, são subsidiárias de multinacionais, o que explica o baixo índice de ricos, já que o dinheiro não fica no Estado ou no País.

Mas em nada explica, uma fortuna média de 2,3 bilhões dissipada entre cabeças privilegiadas em um estado que não tem indústrias expressivas,  pecuária incipiente e o mercado de agro negócios em bocas de fechar as portas devido a falta de incentivos governamentais e logísticos.

Há alguns anos fiz uma auditoria em um cliente, para fins de espólio de uma figura que veio para o Amapá com uns trocados no bolso e uma dedicação extrema a sua linha de negócios, “agiotagem”. O Espólio na época do inventário revelou um patrimônio de 46 milhões de reais em mais de trinta anos de serviços prestados à usura. Mas não chegou ao valor informado pela Exame.

Fica a pergunta: De onde vem esse dinheiro? Como ele foi auferido para justificar um rol de cabeças tão privilegiadas? Será que a máxima do falecido deputado federal João Alves vale neste contexto? “Deus me ajudou e ganhei na loteria várias vezes”. É de se espantar então que o noticiário nacional não tenha relatado esse dejà vu de prêmios milionários para justificar o enriquecimento inexplicável destas pessoas.

Juntas elas poderiam comprar o grupo das empresas de Silvio Santos, por exemplo, mas Silvio Santos amealhou seu patrimônio como quarto poder, a mídia e essa move o mundo e enriquece fácil, Roberto Marinho e Rupert Murdoch são exemplos do poder da mídia sobre as algibeiras. Mas a mídia também não explica esses cofrinhos tão recheados em uma terra onde a mídia ainda engatinha.

Como é que em um Estado cuja economia depende de contracheques e das mesadas do FPE, com quase 70% de representação no fomento da economia local pode justificar tanta abastança? À luz desses questionamentos nos perguntamos friamente sobre as origens de tais cifras. Um tanto estranhas e inexplicáveis. Tão inexplicáveis que talvez, apenas talvez, um dia o tão insone exército de vigilantes da política local, deixe de ser um pequeno grupo e consiga fazer com que a população em geral saia da sua zona de conforto e de sua comodidade de apoiar a política local e passe a se perguntar por que não figura no mapa da Exame, a não ser nas estatísticas de IDH péssimo que muitos dos milionários tentam mascarar com uma cesta básica, uma carrada de aterro ou um DAS em uma sala com ar condicionado...

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