sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

E agora, quem poderá nos defender?

As pessoas recebem informações sobre crimes através de várias fontes: mídia, órgãos públicos e laços interpessoais na própria comunidade. Dentre elas, certamente a mídia é o meio cujo alcance é o mais significativo. Contudo, a influência da mídia sobre a população, por intermédio das informações sobre a violência que ela difunde, ainda é um tema bastante controverso, assim como as respectivas pesquisas que buscam sua quantificação.

Ser incorrer o risco de polemizar, mas a violência criam reações psicológicas somo a Síndrome do Pânico, que em geral acarreta neurose e paranoia. Situações que são capazes de evoluir para transtornos físicos.

Alguns pesquisadores são unânimes no tocante a relação da mídia com o fenômeno da explosão da criminalidade, em sua vinculação com a percepção do crime e da violência. Muitas das vezes a mídia faz uma exibição da violência cotidiana, supostamente sem motivação psicológica, ideológica ou política aparente. Mas vamos convir que o efeito do fato noticiado possa produzir maior comoção na opinião pública quando o fato noticiado possui o envolvimento policial como sujeito provocador.

Ao buscar o sensacionalismo, fascínio e banalização da violência para produzir maiores níveis de audiência, muitas das vezes beirando o tétrico ao mostrar mutilações, corpos e cenas pouco apropriadas à compleição da noticia. A mídia é assim, muitas vezes dá a visibilidade exagerada a determinados fatos, dramatizando-os e, com isso levando a informação para campo não neutro, em busca da maior repercussão possível.

Pode estar parecendo uma crítica à mídia de massa, mas na verdade o foco é a segurança pública e as variáveis que tem cercado este item primordial de controle social, já que muitas capitais brasileiras já têm números crônicos da violência e só depois de muito tempo se teve noção de que do jeito que está não deve ficar.

Uma das declarações polêmicas parte do próprio Secretário de Segurança do Amapá que para defender o ponto de vista de seu Governador, que é contra o aumento dos valores do orçamento 2012 efetuados pela Assembleia Legislativa apenas por oposição partidária. Emitiu uma declaração dizendo que a segurança pública não precisa de dinheiro!

Algo meio esdrúxulo em meio a um segmento que junto com educação e saúde, sempre precisam de dinheiro, pois o crescimento populacional tende a intensificar o uso destes serviços essenciais. Dizer que não há necessidade de aumento de fundos para a segurança é basicamente um crime, em contraponto que interesses pessoais e partidários, ultimamente têm sido priorizados ao interesse popular. Mais insensatez ainda foi que nesse dia algumas viaturas estavam paradas por falta de combustível. Ou seja, não precisa de dinheiro, combustível se tira do rio a frente!

Falar sobre segurança pública é algo difícil até para mim que já fui assaltado em mais de 10 Estados do Brasil, sem falar das vezes em que fui assaltado em ônibus interestadual, para quem não tenho a quem repassar à estatística, pois a geografia não me situou em que estado aconteceu o crime.

Estatísticas policiais as vezes são uma faca de dois gumes. Lembro bem que a ficção volta e meia procura mostrar a vida real, um exemplo interessante é aquele em que no filme "Tropa de Elite" o comandante da policia reclama que as estatísticas de assassinato aumentaram, e os policiais na maior desfaçatez informam que é culpa da outra regional que estava desovando defuntos na regional ao lado para diminuir o índice de mortes na sua própria. O fato é hilário, mas muito mostra o quanto as estatísticas pode ser falhas e o estudo para resolver os possíveis problemas, mascarados por jeitinhos brasileiros como esse e dos outros que por tão extensa criatividade nem vou me deter em listar.

Claro que ninguém precisa ensinar a gestor de segurança pública que ao invés de se basear em apenas estatística, o planejamento de áreas de combate ao crime, não se faz em salinhas com arapongagens e intimidações, mas com a distribuição quatro bases distintas da matriz medo X criminalidade: As áreas com altos índices de medo do crime e baixos índices de criminalidade, assim como as áreas com altos índices de medo e altos índices de criminalidade. E a mesma analogia aos baixos índices de medo e criminalidade.

O que não deve mais é se colocar nas mãos do destino o futuro do cidadão. Se as estatísticas estão baixas, dizer que isso é melhora em apenas um ano de dados em um segmento que tem um índice de variabilidade imprevisível e nem um pouco sazonal, é leviandade, maior ainda é levar isso para o campo político para ganhar pontos e uma estrelinha na testa. Dizer que se está fazendo muito, faça-se mais, afinal não podemos deixar que os índices cheguem aos alarmantes de capitais como Belém, onde o crime está descontrolado e o medo e a insegurança imperam. Dizer que não precisa de recursos, que não é necessário, é de uma demagogia nauseante. Já que para todas as ações públicas se necessita de recursos, armas, munições, combustível, EPI's. Nas disso é gratuito e o Estado não pode e não deve se deixar levar pelo palanque eterno.

Enquanto fugas em massa acontecem na única instituição carcerária e parece ser tratado com a politica do "escapa e recaptura" é a mesma do morde e assopra, apenas um paliativo. Ações correcionais no Brasil nem vamos comentar, pois inexiste na cultura do sistema carcerário.

Eis então a grande pergunta se faz todos os dias, o que será de nós com esta explosão de violência? Estou há alguns meses na cidade e pelo menos seis pessoas de quem já ouvi falar ou até mesmo pessoas que conheci em minhas relações foram assassinadas. Se só para o conjunto universo de um indivíduo (no caso eu), a margem está para seis ocorrências, Fico pensando se a criminalidade não anda mesmo em alta, mas mascarada, ou se eu estou trabalhando com o Zé da foice e nem estava sabendo desta minha ocupação incomum...

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