quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Plumas, paetês, togas e becas... Na batalha de confetes

Cada vez mais me convenço de que todos os setores da nossa sociedade estão sendo fartamente invadidos pelo ambiente politico. O que não é saudável já que temos a necessidade dos refúgios não desencantados pelo universo da politica, seja ela partidária ou ideológica.

O carnaval é um deste últimos refúgios onde a sociedade pode tudo. Pode se omitir das tristezas, das iniquidades, dos financiamentos bancários e até mesmo da febre amarela ou da peste negra. Claro que as folias de Momo não permitem transgredir às leis. Mas o que o folião quer mesmo é submergir nos dias gordos da carne e não se preocupar com o dia seguinte nos dias que se realizam os festejos da carne.

Essa guerrinha entre a LIESA e a agremiação Piratas da Batucada, tem dividido opiniões. Cada vez mais, partidários ou não da causa, criticam a presença do judiciário não só dentro de casos como esse, mas como em assuntos até de competência dos outros poderes; Executivo e Legislativo. Mas não por que o Judiciário seja o penetra na festa, já que o Poder Judiciário por sua concepção, só atua quando provocado.

E provocado está, em necessidade de decidir o que geralmente, não é um juiz de direito mas um juiz de bateria, de harmonia, de samba enredo, deve decidir. Itens que talvez o órgão que se diz máximo na organização dos desfiles das escolas de samba parece desconhecer, em alegações tão inconsistentes quanto fantasias de papel crepom na chuva.

Mesmo sendo inapropriado, a juíza Alaíde de Paula declarou a agremiação Piratas da Batucada, campeã do carnaval 2010 e concedeu-lhe o direito de desfilar entre as outras agremiações do grupo especial.  E indo de encontro a esta manifestação jurídica dentro do espaço carnavalesco. A LIESA impetrou um agravo regimental na intenção de derrubar a decisão liminar proferida pela magistrada.

Em vai e vem estamos às bocas e cabeças do desfile, e isso ainda deve gerar polêmica até o período de apuração se o resultado for diferente do que cada agremiação espera. Pois com este ambiente jurídico imperando na avenida do samba, é bem capaz de que os resultados sejam colocados sob suspeição e gerando mais ações em efeito "bola de neve", ou seja: nunca mais vai ser a mesma coisa.

Vamos resolver as justas no pé, no calor e no suor, na alegria de fazer com que esta manifestação, apesar do estrangeirismo do nome, mas puramente brasileira, não seja comprometida e levada ao esquecimento, como a derrocada das grandes escolas de Belém, que já teve o terceiro melhor carnaval de desfiles do Brasil, transmitido ao vivo para todo o Estado e com grande repercussão nos tempos da rivalidade entre "Rancho não posso me amofinar" e "Arco-íris" as cabeças de chave.

Hoje o carnaval de Belém se resume a parcas programações que tentam a todo custo resgatar o carnaval de rua do passado no centro velho. Mas nada comparado ao glamour dos desfiles na Visconde de Souza Franco, a famosa Doca.

Isso tudo começou com a mesma beligerância judicial que se inicia ainda que só com uma agremiação, mas que no Pará que acabou desestimulando, brincantes, dirigentes e comunidades até que as agremiações fecharam as portas e entraram para a história dos tempos do carnaval na Praça 11 cantados "Pelo telefone".

Não vamos deixar o carnaval amapaense se perder neste mesmo desencontro as custas de uma luta inglória de vaidades e garbos. Desfile de carnaval se ganha na avenida, sob as ovações do publico que saúda as escolas em sua grandeza não só cultural, mas de brilho, de amor a cada escola, as efusões que a cultura popular forte do povo brasileiro exala e faz com que a vitória seja a certeza de que o samba deve continuar...

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