Todas
as vezes que as ações politicas para a educação são aprovadas pelo Congresso
Nacional, chego a ter alguns calafrios ao olhar pelo prisma de uma desconfiança
arraigada por tantos tiros no pé que volta e meia aparecem sob o falso manto do
benefício educacional.
Mas
é claro que em algumas ações temos que baixar o semblante talibã e aplaudir a
iniciativa. As duas ultimas aprovações que prometem realmente dar um caminho à
educação no Brasil, já que depois de tantas cabeçadas provenientes de cabeças
vazias que na verdade mesmo que revolucionário no campo educacional, não trouxeram
mais do que alardes e polêmicas como as mal fadadas cotas.
O
uso de 10% do PIB na educação vem mostrar talvez uma maturidade politica em um
Brasil que cada vez mais se achava que tinha uma grave preferencia pelo
obscurantismo da falta de educação de qualidade, levando os teóricos das
conspirações até a imaginar que nos queriam burros, para que continuássemos
cegos, surdos e mudos para as necessidades das quais temos direitos constitucionais
assegurados, sendo a educação uma delas.
O
investimento de maior monta na educação, não vai resolver milagrosamente da
noite para o dia os problemas seculares que já fazem parte do histórico
escolar, tanto quanto matemática e português. Mas uma consequência dos anos,
talvez em uma década ou quem sabe duas,
tenhamos resultados concretos e práticos desse investimento plantado neste
momento em que o Brasil parece sepultar de vez as velhas práticas militaristas
retrógradas.
Outra
alvissareira noticia é a limitação oficial para as salas de aula, com o número
de 25 crianças por sala no ensino fundamental e 35 no ensino fundamental II e
Médio. Com isso o rendimento escolar promete ser mais eficiente pelo valor de
tempo disponibilizado por cada docente para com suas turmas, dando a
possibilidade de um atendimento de ensino quase próximo da excelência.
O
único porém (claro que sempre tem que haver um!) nesta segunda medida que
tramita no Senado, é que não se pode colocar o carro na frente dos bois. Antes de
se limitar a lotação útil de uma sala de aula, tem-se que primeiro prover o
espaço para alocar tantos estudantes e jovens em idade escolar que seriam
alijados após a contagem das cabeças. Ou seja, construir-se mais escolas. Algo que
os 10% do PIB deva ajudar a resolver.
Mas
a lei entra em vigor já em 2013 e estamos em meados do fim de outubro, de um
ano eleitoral, com recessos chegando, pensa-se que nem com uma megaoperação de
construção de escolas, consegue-se seguir a lei ao pé da letra antes mesmo de
180 dias corridos de 2013.
Como
sempre, falta a estas medidas louváveis o papel fundamental dos técnicos, que
na maioria das vezes são consultados, mas na maioria dos casos são ignorados os
seus posicionamentos numéricos e estatísticos sobre determinados temas que
conflitam com a “beleza” das leis criadas.
Técnicos
que possam determinar o crescimento populacional em determinadas áreas dos
municípios, para que se possam construir escolas onde realmente a carência de
vagas seja saneada. Consultar estes técnicos antes de se propagandear estas
leis que apesar de terem boas intenções, não carregam em seu bojo as soluções
básicas para torna-las práticas. O que inviabiliza a lei e sua aplicabilidade
em si ainda é o caminho.
Em
suma; a velha fábula da minhoca que quer sair do poço, sempre avança dois
palmos e escorrega três. Neste ritmo, as leis devem continuar fluindo, afinal é
belo alardear que uma canetada resolveu as dores do mundo, mas é difícil acreditar
nisso quando se vive imitando uma fábula, onde pelo jeito ainda somos nós as
minhocas a querer incessantemente sair do poço.
Nenhum comentário:
Postar um comentário