segunda-feira, 30 de agosto de 2010

É preciso encarar a vida


Ela tinha 90 anos e uma agenda extensa de compromissos pelo país. Presidente de uma das principais entidades em prol da inclusão de pessoas com deficiência visual do mundo, Dorina Nowill diz que é preciso entusiasmo para superar as dificuldades da vida.
"É preciso encarar a vida como ela aparece. Não se pode disputar com a vida", aconselhava Dorina Nowill, há mais de 60 anos trabalhando para que os cegos tenham as mesmas oportunidades na vida que os demais.
Paulistana, cega em uma década em que o mundo estava começando a ver, Dorina de Gouvêa Nowill nasceu em São Paulo em 1919. Com 17 anos ficou cega por causa de uma patologia ocular. Mas isso não acabou com sua vida. Ao contrário: a cegueira a transformou em uma mulher que não desiste e batalha sempre em busca de seus objetivos. Dorina adorava estudar e a cegueira não a barrou. Na época, havia poucos livros em Braille para estudantes cegos. Assim começou sua missão de vida: reuniu um grupo de voluntários e criou a Fundação para o Livro do Cego no Brasil, que mais tarde viria a ser a Fundação Dorina Nowill.
Dorina Nowill não desistiu dos estudos e foi a primeira aluna a matricular-se em São Paulo, numa escola comum, onde estudou com alunos com visão normal e formou-se professora. Na seqüência, estudou nos Estados Unidos. Quando retornou ao Brasil, implantou a primeira imprensa Braille para produzir livros em Braille e não parou mais.
Internacionalmente, trabalhou com organizações mundiais de cegos em órgãos da ONU (Organização das Nações Unidas), na qual representa o Brasil. Recebeu vários prêmios (nacionais e internacionais) que rendem uma lista extensa.
Além de toda a atividade, ainda resta tempo para a mulher Dorina: ela era casada com Edward Hubert Alexander Nowill, mãe de cinco filhos e avó de 12 netos. Escreveu o livro “... e eu venci assim mesmo”, uma autobiografia que conta seus 50 anos de trabalho.
Conheci Dorina em uma convenção para acessibilidade e inclusão na década de 90, fico muito honrado de ter conhecido tão batalhadora mulher e hoje prantear sua partida.

Vai com Deus Dorina! Tua luta não morre hoje, nem tua história.

Dia triste mas, com visão de futuro.

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