domingo, 9 de outubro de 2011

E assim flui o rio

Pequenas gotas fluem após o degelo de quem fica anos no frio da falta de fé, de repente as gotas começam a unir-se e formar filetes que cada vez mais engrossam, seguindo o rumo em um caminho único, e logo que se presta a atenção, não mais se vê filetes e sim córregos que se somam a mais e mais e em conjunto uníssono se englobam em uma torrente que ao se firmar os olhos já tomam proporções aos borbotões e aumentam uma grande corredeira que se abre a um turbilhão majestoso em um caudaloso rio, com vida própria, corre ao mar em uma desembocadura infinita capaz de dobrar até mesmo o mais resistente dos obstáculos.

Jovens, velhos, maduros, cansados ou fatigados, não pelo corpo, mas pela alma. Firmam a vista no horizonte, aonde a pequenina imagem vai ao meio do turbilhão que a acolhe e que espera dela não mais que um olhar, de amor, de misericórdia, mas nem por isso ela se recolhe em sua berlinda dourada coberta pelo manto de luz que lhe agasalha, e nem o sol escaldante da Amazônia é capaz de lhe tirar o brilho, pois este nem se compara ao brilho do amor que ela resplandece e nem da fé que ela ajuda a erguer em um salvador que lhe saiu um dia do ventre e veio trazer a mensagem de paz e amor vindas do próprio Pai.

Neste momento ela desce do céu, afaga seu povo e com ele caminha, descalça, sobre o chão quente, em meio a água e ao suor, sob gritos de clamor de seu povo, sob palmas e ovações ela é saudada, sua luz brilha mais ainda e dá força para continuar a caminhada da vida, seu amor é sentido em vibrações que tocam fundo a alma e fazem corar e chorar, mas não de vergonha nem de tristeza, mas por alegria de se saber que não estamos sós, ela caminha conosco e a seguimos na esperança de naquele instante estarmos mais próximos do que em vida podemos chegar de Deus. Enfim ela para, olha e sorri docemente. Só isso já valeu estar com ela.

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