sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A tecnologia, o teatro e a arte das crianças

O vídeo game veio em uma época em que todos os educadores praticamente chegaram ao consenso de que ele mudaria os fundamentos educacionais e relacionais das crianças; ledo engano também cometido quanto à televisão que só necessitava das habilidades de atenção, entendimento e fala. Adquiridos na idade tenra. Mas o mundo em que a fusão não só da televisão e dos videogames em substituição das “babás eletrônicas” vem a geração de telefones celulares, criar um mundo onde a comunicação, a informação, o entretenimento e até mesmo as relações sociais passam pelas ondas de rádio do aparelhinho lobotômico que administra a vida do homem moderno e por que não das crianças modernas?
Neil Postman apresenta em sua teoria que o fim da infância, vem acompanhado de mecanismos de redelineamento das atividades sociais entre pais e filhos e entre as crianças em si.  A tecnologia exerce sua força sobre nosso comportamento e tem cada vez mais colocado nossas práticas voltadas para o uso de tecnologias suprimindo hábitos e costumes popularmente difundidos em nossas infâncias onde o anacronismo dos telefones parecia mostrar uma época onde nunca haveria tal dependência desses mecanismos para nossa interação.
A dependência dos pais se mostra quando vemos os filhos dando verdadeiras aulas de como manusear tecnologia que muda a cada dia e sempre com mais formas de fusão de um mecanismo e outro, onde brevemente nossa dependência será tão grande que o menor de nossos problemas será o “boa noite” dado pelo filho via celular para os pais no quarto ao lado.

Usando a lógica do teatro que ainda é uma forma de expressão das mais antigas criadas pelo ser humano para expor não só um drama da sua realidade ou das adversidades sociais que por algum motivo causam curiosidade dos outros pelo tema proposto no tablado.
As transformações propostas pela linguagem cênica fazem com que esta linguagem ancestral seja contínua para além; dos anfiteatros, arquibancadas, praças e palácios medievais que antes serviam de palco para os dramas sociais.
As crianças através da linguagem moderna; conseguem também trabalhar esta linguagem sem nenhuma dificuldade, até mesmo por que sua capacidade criativa é potencializada pelas ferramentas modernas como o mundo da internet.
Com os pinceis fáceis na contramão da pena e papel, as crianças criam um mundo de cores, sons, movimentos e imagens que conseguem imprimir suas ações dramáticas em espaços virtuais que acomodam o retrato de sua vida cotidiana. Os blogs e micro blogs, dispersos no universo da internet conseguem fazer com que esse universo teatral se expanda e consiga também atrair a atenção de outros expectadores que participam do cenário mesmo que virtual, como quem se acomoda nas cadeiras do teatro.
A polissemia de discursos do politicamente correto do que se aplica a educação infantil talvez ainda não consiga contemplar o papel cênico, não só interpretativo, mas criativo destes mecanismos oferecidos pelo mundo moderno.  Afinal, ainda hoje as crianças brincam de faz de conta, mas em vez de cobrir as mãos com os olhos e contar até dez, para imaginar, elas simplesmente se conectam.

A natureza da comunicação verbal direta talvez nunca caia em desuso em detrimento as outras formas. Seria o mesmo que comparar o uso de combustão a hidrocarbonetos com combustão hidrogenionica. Ou seja, embora uma esteja obsoleta há mais de 40 anos, a sociedade ainda faz uso dela por sua praticidade e necessidade comercial.
Assim também se concebe pela internet. A maneira com que a nova tecnologia evolui, arrastando milhares de novos usuários como “dependentes químicos do silício”, faz com que o mundo virtual acabe criando vínculos há muito levados ao nível de preconceito de palavra, como o termo seguidor, vassalo, servo.
O uso apelativo das redes sociais, cada vez mais deixa de ser uma trivialidade, um artefato adicional, para se tornar um meio efetivo de fazer com que não só crianças, mas jovens e adultos recorram cada vez mais a estes meios a fim de proverem suas necessidades sociais, afetivas e até mesmo fisiológicas.
Com a criação até mesmo de uma linguagem própria, cheia de corruptelas e abreviaturas que ilustram o grau de baixa necessidade de pensamento para o ato da comunicação, fazendo até mesmo com que o vernáculo coloquial seja elevado ao status quo de linguagem formal, levando a linguagem culta ou formal à companhia do Latim e do Grego arcaico.
O uso indiscriminado das redes sociais parece cada vez mais limitar as interações diretas, e logo após servir de meio de acesso, passe a ser o acesso em si, como quando antes se telefonava para alguém para marcar um encontro e hoje o encontro já ocorre pelo telefone. Assim também interagem os meios de internet, como vorazes térmitas a fim de consumir toda e qualquer forma de interação humana, protegendo-os do outro lado por milhares de canhões protônicos dispostos a fuzilar quem vá à contra mão do universo virtual e compactue do simples e puro aperto de mão.

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