segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Agora, nem a pau vocês me escutam!

Nos países onde a instituição do Estado se confunde com o instituto religioso ou até mesmo nas ditaduras modernas, um hábito muito comum é a falta de distinção entre o que é bem do Estado e o que faz parte do patrimônio do líder da nação. Este hábito ainda é herança das monarquias absolutistas onde o Estado se mesclava ao Monarca. O mais célebre foi Luís XIV - o Rei Sol consolidou esta prática quando na máxima “O Estado sou Eu”.

Desde os tempos de Luís e sua verve por mangas bufantes e preciosismos de um tempo em que a fortuna do reino era gasta como se das algibeiras do Rei saíssem, ainda temos os Estados em que o líder religioso ainda rege com o livro santo em detrimento à constituição as regras do país. Os aiatolás, como Khomeini, por exemplo, traziam o Irã sob a manga desde a queda do Xá Reza Pahlevi.

Mas não muito longe, no reino encantado do Brasil, vemos mais um momento pomposo onde o erário é capaz de sorrateiramente ser usado para promover o bem estar e o conforto dos Xás do PT. Quando que agora a novidade são os 395 celulares com criptografia de sinal fabricados pela Nokia, adquiridos pelo governo brasileiro para servir aos interesses eleitorais e articulações do governo Dilma.

Não é de se espantar que Dilma agora tenha um celular de 12 mil reais, a prova de grampos e demais intercepções clandestinas, mas também afasta qualquer possibilidade de sob autorização judicial a tecnologia da ABIN e PF também darem a famosa espiadinha nos mimosos aparelhos enviados diretamente da fonte finlandesa.

Dos 395 aparelhos, 100 ficaram para uso do Palácio do Planalto, até ai tudo bem, o séquito da presidente tem todo direito a uma conversa reservada sem o perigo de aparecer em transcrições na Veja ou na Época. Mas o espanto vem do fato de que três porquinhos levados também ganharam o penduricalho para sua diversão e pagos pelo erário. Lula, Palocci e Dirceu agora têm os celulares à prova de arapongas e araras.

Os mimos de madame presidente não alcançaram a todos os eleitos para as conversas privadas. Mesmo gastando R$ 4.740.000 (o total da brincadeira!), só alguns senadores da base do governo e os ministros mais apegados à presidente já portam o sofisticado aparelho que marca presença até na Casa Branca. Mas não se sabe por que o vice-presidente Michel Temer e o presidente do Senado, José Sarney não receberam um igual, que com certeza pelo histórico de conversas apanhadas de Temer na época em que era secretário de segurança pública de São Paulo no auge da paz entre os jogos de azar e a polícia e Sarney pelas suas indiscrições na época do “Boi Barrica”, o penduricalho é de suma importância.

Outros 600 (R$ 7.200.000) aparelhos idênticos devem ser remetidos pela Nokia para abastecer mais usuários que precisam urgentemente que suas indiscrições não se tornem públicas e cheguem aos ouvidos do brasileiro, o principal interessado no desenrolar político de seu país. 

Logo os ministros do Supremo também levantaram o olhar aquilino sobre o dispositivo, já que também o segredo de justiça tramita bastante dentro de uma instituição que só perde para a maçonaria em segredos obscuros mascarados pelos ritos e indumentárias ditas sérias.

Não vou levantar mais polêmica em torno das aquisições do governo brasileiro, afinal Dilma deve saber o que faz quando manda um mimo desses para cada correligionário que provavelmente já escavam as fundações para 2014, repleta de profissionalismo.

Como Lula teve sérias dificuldades em fazer seu caixa dois sem aparecer no Jornal Nacional ou seus ministros assim como os de Dilma, de fazerem uma “fezinha” à custa de um esqueminha aqui e acolá. Parecem ter aprendido o caminho do profissionalismo político e tenham realmente aprendido a fazer a "política séria” deste país. Eu por hora ligo do meu modesto aparelho de R$ 78,00 pré-pago. Afinal não falo muita coisa que se aproveite na Veja. Mas se quiserem me dar um Nókia Kripto. Eu quero!

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