terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O Grande irmão mandou ainda vê você!

O termo “Grande Irmão” ou “Big Bbrother” como ficou difundido nas cabecinhas vazias de cada brasileirinho que se debruça perante seu aparelho de televisão na hora em que o sino toca, surgiu primeiramente no livro “1984” de Eric Arthur Blair, que se auto intitulou George Orwell (só semelhança com o autor de “A revolução dos bichos”). Que trás uma visão no mínimo intrigante e até interessante sobre a tão famigerada Nova Ordem Mundial, tão temida pelos profetas apocalípticos modernos. Onde o grande olho atento, observa toda uma população através das “tele telas”, governando de forma despótica e manipulando a forma de pensar dos habitantes de um mundo controlado.

O “Grande Irmão” de Orwell é como o apresentador de um programa, que se faz o único canal que o mundo tem fora do ambiente fictício e pré-determinado com a verdade que ele mesmo cria e é imposta e aceita como absoluta e soberana. É importante destacar que na obra os habitantes endeusam o “Grande Irmão”, da mesma maneira que alguma comunidade isolada da Oceania, por exemplo, faria com alguém que considerasse supremo ou até a personificação de um deus, pelo simples fato de ser de alguma forma “diferente” ou pelo menos aparentar tal diferença em relação a um universo onde o conhecimento deu lugar a reverencia a tais deuses.

Os comportamentos descritos por Orwell também criam uma semelhança social, como por exemplo, a figura de um líder interno na comunidade, que desfruta de uma pequena fração do poder designado pelo próprio “Grande Irmão”, mas que por si só, não decide nada e nem muito menos tem algum poder real, embora às vezes possa parecer que desempenhe alguma função autônoma. Na verdade isso também faz parte do grande plano de controle do “Grande Irmão” sobre os demais habitantes.

Alguns mimos de convencimento são distribuídos não só às massas, mas também a estes pequenos príncipes que a todo o momento parecem seguir o “Grande Irmão”, mas que no âmago, só querem mesmo é alcançar algum destaque pessoal em detrimento ao coletivo usando como base a verdade inferente tomada pelas palavras do “Grande Irmão”. Ou na maioria dos casos nem sabem exatamente a natureza dos seus desígnios e muito menos para onde ir ou o que fazer.

O Mininiver é a verdade repassada ao mundo como sendo a única versão de um fato e não deixa pressupostos para outras versões, uma espécie de edição da história, capaz de mostrar somente a verdade sob uma ótica que atende apenas as expectativas do “Grande Irmão” e de ninguém mais. Nem mesmo as lideranças de factoides conhecem os desígnios que espreitam na mente do “Grande Irmão”, e talvez na maioria do tempo, nem o “Grande Irmão” saiba aonde quer chegar com seu experimento social, que às vezes parece aproveitar remendos para construir uma grande colcha de retalhos sem nenhum objetivo concreto ou se quer algum plano conhecido pelo leitor e talvez por ninguém.

Se analisarmos mais o livro, veremos que drasticamente nos remete a uma Nova Ordem Mundial, onde muitos veem como sendo uma solução viável para o mundo: uma vida à sombra de uma constante vigilância e onde a verdade de cada um é a verdade pintada para todos. E onde os objetivos nunca são claros, mas sempre baseados na premissa de que com pequenos, mimos, fantasiosas ideias de liderança na maioria incapaz de liderar o próprio umbigo e uma grande vontade de fazer um experimento humano sem precedentes com a falsa ideia de que tudo caminha para um bem comum. 

Fica-se na dúvida sobre em que proféticas ideias futuras baseou-se Orwell para criar seu tão anacrônico enredo. Pois um bom punhado dessas ideias foi parar no programa da Rede Globo, exibido diariamente com a intenção sempre de entreter e cozinhar um pouco da massa encefálica do já bastante acéfalo povo que ainda se deixa envolver com tais enredos tão difusos da nossa realidade. Mas partindo desse princípio também é possível analisar o quadro politico, de onde não se pode escapar de dar uma espiadinha e se autoquestionar: Será o Amapá também um experimento do grande irmão?

Um comentário:

  1. Ei, Charles! É o Miguel Gil! Como tem passado o exímio escritor? Espero que bem, tirando as dores do processo de luto de partir do Amapá. Bem, li e gostei do teu texto, me soou frankfurtiano, pois enfatiza, no meu entender, a preponderância da irracionalidade, das relações humanas, sobre a nossa dita racionalidade. Em outras palavras, a complexidade dessas relações que acaba desconstruindo as noções de controle, previsibilidade e certeza - temas tratados pelo pessoal de Frankfurt.
    Porém, acredito que, pensando em relações políticas, essa complexidade não deve ser usada como desculpa para justificar um governo omisso e niilista. Mas sim, como oportunidade para alavancar o Amapá. Para tanto, precisamos fazer uma revolução paradigmática, como sugere Kuhn, na política do "pão e circo" que tem caracterizado os nossos gestores, aí no Amapá e também no Brasil.
    Abraço e até a próxima.

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