quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Um sonho Tucujubano

Joseph Goebbels foi Propagandaminister (algo como ministro das comunicações) do sonho imperial de Adolf Hitler  na Alemanha Nazista, como figura chave no regime e usando seus dotes retóricos exerceu um severo controle sobre as instituições educacionais e os meios de comunicação, fazendo com que a Alemanha pensasse por muito tempo estar fazendo a coisa certa.

Não sou muito de alardear o regime nazista, mas quando me vem à frente o uso excessivo de retóricas com intuito de fortalecer um pensamento utópico e de resgatar as benesses de uma Pasárgada perdida, não tenho como não me lembrar de três palavras: Goebbels, Cuba e o mais recente vocábulo PSB Amapaense.

A Presidente Dilma está nesse momento nas terras de Fidel e Família, quase como se visitasse Curupú no Maranhão. Mas a viagem é bem receptiva por Raul castro, não só por ser a primeira da Presidente Guerrilheira, mas por levar nas algibeiras um mimo de US$ 523 milhões, o que já perfaz um total de US$ 1,37 Bi só de linhas abertas para a ilha de Fidel.

Há de se admirar que o Amapá venha se chegando tanto às intimidades com Cuba, considerando que os investimentos brasileiros lá superam em muito os tímidos acordos fechados para o investimento em terras Tucujús. Por exemplo, enquanto ainda se sofre para ver que destino miraculoso se traçará para o Porto de Santana se tornar uma via de escoamento das exportações brasileiras rumo ao mercado internacional, o Brasil vai financiar o término do Porto de Mariel, Coisa de pouca monta algo em torno de US$ 683 milhões, o que torna o tal investimento inócuo já que o comércio entre as duas nações em 2011 foi quase igual a esse investimento generoso, enquanto isso, nada se sabe das benesses pleiteadas pela articulação política não só da bancada federal, mas como a do próprio governador que parece ainda não ter aprendido a diplomacia do lobby nas brasileias da vida.

Como Cuba quase nada tem a exportar e muito para comprar, com a abertura comercial cada vez mais procurando tornar a ilha um mercado consumidor menos tímido, com certeza estes investimentos em terras amapaenses seriam muito mais promissores para a balança comercial brasileira do que lá; mas vai entender a mente de quem ainda adora as ideias de todos morarem na mesma casa. Ideia esta que parece estar sendo importada pelo Governador Camilo, já que a ultima missão cubana que aportou por aqui procurou fechar um acordo rentável de cooperação técnica em saúde e educação, assuntos que por enquanto realmente precisam de socorro por falta de gestores que realmente entendam do mètier.

Os tão maravilhosos êxitos da revolução de 59, alardeados aos quatro cantos como modelos educacionais e de gestão da saúde superiores aos de alguns países ricos, com certeza se aplicam a Cuba com mérito, haja vista que o universo populacional de cuba com seus 11,3 milhões de habitantes parece ser bem mais fácil gerir do que os 200 milhões de brasileiros nas terras de cá.

Mas vamos convir que nesse universo, 20% da população não vive só de saúde e educação de qualidade. O governo ainda aplica sua ideologia socialista e fornece dinheiro extra, alimentos, roupas e até móveis. Coisa difícil de copiar com a esmirrada bolsa família, que mal consegue alcançar as necessidades básicas daqueles que vivem na linha de pobreza, mas herança de Goebbels existe para isso.

Além do fato da intervenção direta do governo cubano nos preços dos aluguéis, o que faz com que o custo habitação seja coerente com a baixa renda, sem falar no programa de reforma agrária que beneficiou as cooperativas com doação de terras e na reforma urbana transformou 85% dos cubanos e donos de suas próprias casas, realizando assim um programa de casa própria realmente invejável.

Na educação, obrigatória e gratuita para as bases, com alimentação e assistência médica de qualidades asseguradas por lei e até o curso superior que é gratuito até nos materiais. Como a lei é severa nas sanções para quem não mantém os filhos na escola, 100% das crianças estão em sala de aula e os mais de 60 mil que apresentam limitações físicas ou psíquicas frequentam educação especial, com tratamento fisioterápico e atendimento psicológico.

A saúde cubana vai bem obrigado, já que foi desenvolvido um gigantesco sistema de cobertura nacional a todos os cidadãos, sem nenhuma exceção. Onde não faltam médicos nem medicamentos e muito menos condições de trabalho e equipamentos para o desenvolvimento de diagnósticos e tratamentos. E nenhuma doença fica fora do sistema de saúde cubano, isso significa a inexistência de Tratamento Fora de Domicílio (TFD) por lá.

Mas a democracia que falta em Cuba e sobra no Brasil, faz com que muitas discrepâncias existam a ponto de muitos dissidentes do regime tenha que fugir amarrados a balsas de pneus com destino a Porto Rico, já que a após a falência da União soviética, Cuba foi abandonada a própria sorte até encontrar um novo mecenas que por enquanto é Hugo Chaves, o que não é muito inspirador para uma transição democrática.

Por enquanto Cuba vai investindo nas relações de amizade, não só com o patrono Bolivariano, mas com Dilma, que assim como Lula ainda detém um viés de admiração pelo sistema onde tudo é comum e social como a cabeça de Lênin. Prova viva de que os US$ 350 milhões que Dilma vai dispor para financiar a compra de alimentos para a ilha. “Essa é a contribuição que podemos dar”, diz satisfeita a presidente Dilma. Por enquanto a pequena contribuição do Brasil a Cuba, seria de grande reforço à infraestrutura amapaense, que por enquanto tem seu governador deslumbrado como milagre cubano da educação e saúde, sem levar em consideração que as coisas só funcionam lá pela escala populacional e pelos investimentos que por enquanto o governador e a bancada não se dispuserem a pedir em Brasília, e com certeza vão fazer Cuba continuar a ser apenas um sonho e nada mais...

Um comentário:

  1. Ei, Charles! É o Miguel Gil! O texto está equilibrado e bem escrito. Tu tocaste no ponto essencial de qualquer tentativa de importar modelos salvadores para momentos de crise, isto é, contextualizar a ideia que está sendo importada para a realidade que a importa.
    Além disso, acredito que tu tocaste em um outro ponto interessante, o fanatismo ideológico que cega os gestores para erros e acertos do modelo que eles defendem. Criando assim um padrão de repetição que fica cego, surdo, mudo para as nossas particularidades geo-políticas, geo-econômicas e geo-estratégicas.
    Abraço e até a próxima.

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