sábado, 12 de dezembro de 2015

Eufemismos de um discurso roto

Eu particularmente acho hipocrisia bancar o bolchevique e viver da sinecura pública como se isso fosse a coisa mais tolerável possível. Mas quando se trata da “new left” ou “esquerda caviar”, ou qualquer eufemismo mais apropriado que se possa utilizar nesses tempos em que ninguém mais sabe o que é oposição ou situação, direita ou esquerda.... Chega mais uma modalidade das muitas façanhas da dita esquerda.

Em uma dessas cenas pitorescas de pose extremista, vê-se como exemplo o esvaziamento do Psol no Amapá. Claro que tudo bem medido e bem pesado já que as ditas “estrelas” que um dia balançaram a bandeira rubra da estrela azarada resolveram aderir a outras constelações, se é que isso pode ser um eufemismo galáctico.

Todavia podemos analisar uns fragmentos da “carta testamento” que o único senador do PSol deixou para seus não tão desconsolados confrades, que pareceram até comemorar bem mais do que carpir a saída do ex-psolista que agora se embala na Rede.

O tal fragmento carregado de eufemismos, parece fazer da figura de linguagem um meio de dizer sem dizer que entre tapas e beijos o partido não sentirá falta de seu ex-filiado, assim como o mesmo parece não ter muita estima pelo que se passou e saudades também não parece sentir, visto que o desabafo quando desnudado das antíteses se torna um verbo não muito polido.

Quando diz que “A partir de hoje deixo de ser um filiado e passo a ser um amigo do partido”. Amigo? De quem mesmo? Pois as alas mais conservadoras nunca viram com bons olhos a associação com os democratas na politica do “fazer para ganhar”. Apenas toleraram até certo ponto da manifestação solitária e velada.

“No entanto, o ambiente político exige uma maior capacidade de articulação política”. Ou seja, depois de dez anos finalmente abriram-lhe os olhos de que seu partido nativo não tinha capacidade de articular absolutamente nada? Chega a ser um contraste gritante com todos os holofotes acesos na tentativa de articular.

“Exige amplitude, exige multiplicidade de relações (...)”. Algo que já era uma realidade de longa data, a capacidade de procurar objetivos cujas relações eram contraproducentes à filosofia que se construiu em cima do partido que deveria ser avesso a tudo o que se pregava na politica vigente do primeiro mandado do PT a frente do Planalto. Mas que na verdade ficou tudo igual, mudou-se apenas a sigla, os maus costumes perduraram.

“(...) para que se construam organizações políticas capazes de atrair jovens, intelectuais, artistas, membros do movimento social, ativistas, militantes das redes sociais”. Surpreendente ver que uma afirmação dessas recai sobre um partido que vive imiscuído entre a juventude, artistas, (BBB também conta!), ativistas e militantes de redes sociais, e de repente foi classificado como obtuso e obsoleto, quase um PDS!

“(...) e todos aqueles que possam abraçar uma agenda comum em defesa do desenvolvimento soberano e sustentável e da superação das desigualdades econômicas e sociais”. Enfim chegamos ao ápice em que o partido que serviu de abrigo e trincheira para amealhar destaque como esquerda, já não tem mais propósito para combater as desigualdades sociais.

O longo discurso enfadonho similar ao de Fidel em seus tempos de tribuna. É o mesmo discursos de esquerda, que manifesta-se contra tudo em tempos em que não se tem mais aqueles cartazes e panfletos com “Fora FHC” ou “Fora FMI”. Já que a esquerda tomou conta do executivo nacional, fornicou e proliferou como larvas no esterco e no fim das quantas e tantas, acabou no mesmo balaio que tanto condenou em discursos e protestos.


No final de tudo é isso que conta, o imediatismo do discurso em detrimento ao que realmente importaria: O Povo! Que pena, mas George Orwell sempre esteve coberto de razão quando deu na telha de dizer que os bichos fazem exatamente as mesmas coisas, sejam; cães, gado, galinha e até mesmo porcos. Independente da espécie, no final da tudo na mesma, só mudam os eufemismos...

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