sábado, 12 de dezembro de 2015

Respeitem os cabelos brancos da imprensa

Cada vez que ouço alguém se expressar contra os profissionais da imprensa com todos os adjetivos mais pejorativos possíveis acompanhados por frase chapadas como “fez por merecer” ou “está recebendo algo para escrever isso”, vem aquele aperto no pomo de Adão só de pensar no mau juízo que fazem da mídia na politica do “por um pagam todos”.

Ora, ainda existe espaço para o jornalismo sério no Brasil, não aquele do “mela, mela”, que se resume a simplesmente macular a imagem ou o caráter de um ou outro para simplesmente tascar a pecha disso ou daquilo e toda a sorte de despautérios a fim de amealhar um trocadinho, ou na linguagem do meio “um jabazinho”.

Mas, antes de qualquer coisa, deve-se respeitar a antiguidade dos cronistas sérios, afinal a arte de relatar a humanidade é bem mais velha do que os doutos senhores da lei, pois o homem já retratava sua vida cotidiana nas paredes de cavernas em pinturas rupestres, simplesmente pelo motivo de preservar o fato como registro de sua própria humanidade.

Esses críticos insanos devem mais é curvar-se ante um busto de Ésquilo que retratava a vida em seus textos e com isso, comparar o quão é longevo é o oficio do cronista.  Pois desse ventre nasceu o jornalista moderno; não sem antes pregar sua máxima de retratar o mundo como se vê e eivado de caracteres que possam passar esta impressão ao leitor seja ele contemporâneo ou membro da posteridade.

O desrespeito com que a profissão tem sido tratada é quase como um comparativo ao meretrício, se é que não fui muito longe ao fazer tal baliza, mas é como alguns descrevem os profissionais que todos os dias saem de suas casas para enfrentar um universo de noticias, muitas delas apócrifas, ou sem nenhum valor moral e nem contexto útil ao conhecimento da sociedade. E mesmo assim sobreviverem ao fim da jornada, quando a ultima rotativa começa a dar sinal de que a missão está cumprida.

Ora pois, a maioria ainda tem que se esgueirar em um universo virtual recheado dos ávidos blogueiros e pseudos que fazem de uma gota um oceano para afogar desafetos e por isso receber como um mercenário e não um cronista. Como os antigos tabloides faziam com que fatos corriqueiros da vida social vitoriana se tornassem manchete de capa, assim como tabloides iguais ao The Mirror que ainda ganham o pão desta forma até hoje.

Para os críticos, principalmente aqueles se sentiram prejudicados por não terem sido retratados a contento, um aviso: o universo das noticias não se reserva ao direito de guardar os fatos mais capciosos da vida pública ‘em uma redoma de falsa moral’, se você não concorda com um ponto de vista informado, discorde, esse é um direito que assiste ao mundo livre e democrático.

Mas daí a levantar a voz e a espezinhar em cima do indivíduo e não do fato, isso sim é uma demonstração de o quanto se é obtuso à vida em sociedade. Os jornalistas profissionais sim, vão sempre zelar pelo privado desde que esse não interfira no público, mas com certeza o público é publicável e por mais que se queira ou que doa, ou que magoe; uma coisa a imprensa nunca chegará a ser: Inerte! Como certos poderes que se julgam acima do bem e do mal, mas que no fim de tudo, ainda mantém a síndrome de ‘sepulcro caiado’ bem viva em suas mentes, em seus corações e em seu estilo de vida contraditório.

Pois bem digo, respeitem os cabelos brancos da imprensa! Afinal se você se sentiu atingido é por que em algum momento de sua vida você foi retratado pelos seus méritos ou faltas desde que sejam de interesse público.




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...