terça-feira, 13 de setembro de 2011

Um brinde à inexistência.


Em um debate sobre os direitos humanos na década de 90, da qual participei como ouvinte. Estavam: um refugiado do regime de Havana e um maratonista africano que estava no Brasil como convidado, mas que conhecia o regime do apartheid de perto e não como nós pelo JN.

As histórias narradas pelos dois eram simplesmente chocantes, revoltantes ou até mesmo beirando ao realismo fantástico. As lutas pelejadas por duas nações completamente diferentes etnicamente, culturalmente e de todas as formas possíveis, se encontravam em um único ideal: A liberdade do julgo do Estado totalitário sobre o cidadão.

Uma das falas mais interessantes dos dois palestrantes, que se apresentaram em momentos distintos, sem nunca terem compartilhado o mesmo palco, era homogênea: Liberdade sem militares e sem políticos hipócritas que não conhecem a realidade do povo que dizem governar.

Em um breve release para os nossos leitores mais jovens: O apartheid foi um regime oficial vigente na África do Sul (a mesma da ultima Copa do Mundo). A segregação racial teve início ainda no período colonial, mas o apartheid foi introduzido como política oficial após as eleições gerais de 1948. Quando o mundo ainda lambia as feridas da II guerra. A nova legislação dividia os habitantes em grupos raciais negros, brancos, de cor, e indianos, segregando as áreas residenciais, muitas vezes através de remoções forçadas. A partir de 1958, os negros foram privados de sua cidadania, tornando-se legalmente cidadãos de etnias ao invés de cidadãos de seu próprio país. A essa altura, o governo já havia segregado a saúde, a educação e outros serviços públicos, fornecendo aos negros serviços inferiores aos dos brancos.

O apartheid trouxe violência e um significativo movimento de resistência interna, bem como um longo embargo comercial contra a África do Sul. Uma série de revoltas populares e protestos causaram o banimento da oposição e a detenção de líderes anti-apartheid. Conforme a desordem se espalhava e se tornava mais violenta, as organizações estatais respondiam com o aumento da repressão e da violência. O que só sinalizou com a ação pressionada sobre o presidente Frederik Le Klerk iniciou negociações para acabar com o apartheid, o que culminou com a realização de eleições multirraciais e democráticas em 1994, que foram vencidas pelo Congresso Nacional Africano, sob a liderança de Nelson Mandela. Entretanto, os vestígios do apartheid ainda fazem parte da política e da sociedade sul-africana.

Já Cuba, sendo uma das últimas nações a se tornarem independentes no continente americano, proclamou a formação de seu Estado independente sob o comando do intelectual José Marti e com o auxílio direto das tropas norte-americanas.

Dessa maneira, Cuba pouco a pouco se transformou no famoso “quintal” de grandes empresas americanas. Essa situação contribuiu para a instalação de um Estado fragilizado e subserviente. De fato, ao longo de sua história depois da independência, Cuba sofreu várias ocupações militares norte-americanas, até que, na década de 1950, o general Fulgêncio Batista empreendeu um regime ditatorial explicitamente apoiado pelos EUA.

Sob a liderança de Fidel Castro, Camilo Cienfuegos e Ernesto Guevara, um pequeno grupo de aproximadamente 80 homens se espalhou em diversos focos de luta contra as forças do governo. Em três anos, o grupo conseguiu vencer e conquistar várias cidades do território cubano. No último ano de luta, conseguiram finalmente acabar com o governo de Fulgêncio Batista e estabelecer um novo regime pautado na melhoria das condições de vida dos menos favorecidos. Como bandeira oposta se aproximaram dos soviéticos e seu regime socialista.

A aproximação com o bloco socialista rendeu retaliações dos EUA que rompeu as ligações diplomáticas com o país. Com isso, o governo cubano acabou aprofundando sua dependência com as nações socialistas e, durante muito tempo, sustentou sua economia por meio dos auxílios e vantajosos acordos firmados com a União Soviética. Nesse período, bem sucedidos projetos na educação e na saúde estabeleceram uma sensível melhoria na qualidade de vida da população. Entretanto, a partir da década de 1990, a queda do bloco socialista exigiu a reformulação da política econômica do país.

Em 2008, com a saída do presidente Fidel Castro do governo e a eleição do presidente Barack Obama, vários analistas políticos passaram a enxergar uma possível aproximação entre Cuba e Estados Unidos da América. Em meio a tantas especulações, podemos afirmar que vários indícios levam a crer na escrita de uma nova página na história da ilha que, durante décadas, representou o ideal socialista no continente americano.

Assim comemoramos o sete de setembro, como lembrança do fim do julgo português, ato sim digno de louros e ovações, mas comemorar o aniversário de criação de um território que assim como Cuba um dia foi um quintal dos Americanos, o Amapá foi um depósito do governo militar, sendo expropriado e loteado à iniciativa privada internacional, degradado pela ICOMI e suas subsidiárias internacionais. Sendo assim tornado território federal não para atender a seu povo, mas por que se precisava do manganês para sustentar a indústria bélica americana durante a II guerra, quando precisaram de nós para suprir algo que a Ásia não podia mais dar devido ao bloqueio alemão.

Libertar-se do Pará, sim é motivo de graça, libertar-se dos franceses sim também é motivo de gloria, mas anexar-se ao Brasil como sendo a dispensa de minério para ações não brasileiras, isso sim é motivo de vergonha.

Comemorar o fim do apartheid e a saída do regime sanguinário de Havana sim são motivos válidos. Que tal sim tornar feriado a lembrança de que o Amapá foi enfim libertado de todas as amarras exploratórias e dependências venais. O único ato positivo de José Sarney como Presidente da República: 05 de outubro de 1988, dia da promulgação da Constituição Brasileira, a que criou o AMAPÁ ESTADO DA FEDERAÇÃO.

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