Mesmo nas guerras mais duras, é comum, no Ocidente cristão, que haja uma trégua no Natal, ainda que limitada a algumas horas. Na política, atividade que existe exatamente para impedir as guerras sangrentas, esses dias de fim de ano induzem à interrupção dos embates, retóricos ou não, e é normal que os adversários se congratulem mutuamente. Ainda que seja pelos ritos de cortesia, impera a ideia de que somos iguais, portadores da mesma humanidade daquele rapaz de Nazaré, que maravilhava, quando menino, os doutores do templo e conduzia multidões pela força de sua doutrina a de absoluta igualdade entre todos os homens.
Mas não devemos confiar muito em que a paz prevaleça nas próximas horas. Há sempre o perigo de algum desatino. Já tivemos fins de ano encharcados de pequenos conflitos e algumas denuncias que beiram a falácia ou até mesmo se levados a fundo quem sabe não rendam umas manchetes de verdade.
Como já se passaram as festas, e a vida voltou ao seu curso, será difícil impedir a emersão das divergências, e novas dificuldades para a região, que desde Janary. Logo o jogo de acusações e dossiês comprometedores e inquéritos em andamento vão pulular como sementes te grama em terreno fértil. Um pouco da munição de festas foi estourada antes mesmo do menino Jesus se deitar na manjedoura. Vamos aguarda o desfecho.
No Brasil o fim de ano esteve um pouco inquieto. A probabilidade de que, a pedido do deputado Protógenes Queiroz, se convoque uma Comissão Parlamentar de Inquérito para reexaminar o processo da privatização das empresas estatais, faz subir a tensão dos meios políticos, já que a “Privataria tucana” embora rechaçada pelo PSDB tenha provocado reforço no Governo e rebaixado as pretensões dos tucanos que já começam a mudar as penas.
A essa tensão se acrescenta outra, a da reação corporativa do Poder Judiciário a que seus membros tenham a vida investigada por uma instituição criada legalmente para isso. É difícil aceitar que a transparência seja danosa, a não ser para aqueles que preferem a opacidade. De qualquer forma, o recesso parlamentar servirá para a preparação do novo ano, e dará à presidente da República o tempo necessário à meditação e à escolha de novos ministros de Estado.
A transparência tem sido uma cobrança emergente pela população, afinal e uma forma de prestação de contas do que se arrecada e que publicamente o impostômetro que informa em tempo real, fechou em mais de 1,4 trilhões em 2011. Saber o que o poder público faz com esse dinheiro, é importante para a população que tem sido cada vez mais crítica, pois o que sobra em gastos públicos exorbitantes, falta no bolso do contribuinte.
Saber exatamente que surpresas trás o ano bissexto no seu balaio, ainda se reserva para o futuro, Dilma tem uma reforma ministerial para fazer depois das férias, e pouco se sabe do que passa na cabeça da presidente, a não ser que o PMDB tenha mais pretensões de se consolidar como eminencia parda. O que não é nenhuma surpresa, já que não tem ocupado espaços no executivo há muito tempo.
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