Em um tempo onde ainda não se falava em preservação ou poluição. Macapá despontava para um comportamento de crescimento urbano e populacional. Mesmo estando sob custódia da União ao ser decretada capital do Território Federal, a cidade não demorou muito para pedir pelo crescimento urbanístico. Algo ainda impensado no momento de sua concepção como cidade planejada.
Foi nesse clima de pré-desenvolvimento que na década de 50 que o mercado central passou a ser o ponto principal do comércio que o canal da Mendonça Júnior começou a ser construído para coletar as águas pluviais, mas no decorrer do tempo, passou também a escoar o esgoto e despejar no rio Amazonas logo a frente.
O tempo passou e o canal acabou passando por um processo de ocupação desordenada de seu entorno e sobrecarga da estrutura sanitária na diluição em seu despejo. As Secretarias de Meio Ambiente, tanto no âmbito estadual, quanto municipal, esqueceram-se do canal que caiu no abandono. Se imaginarmos como será a qualidade de vida em Macapá daqui a alguns anos, estando o nosso precioso rio poluído por coliformes fecais, latas, papéis, metais, plásticos, vidros, pneus de carro, óleo diesel e imundícies que já figuram na sua paisagem, talvez nos encorajem no presente, a tomarmos as atitudes necessárias em prol de um maior cuidado com a natureza, passando assim, a proteger e conservar nosso meio ambiente, com cada um fazendo a sua parte para tornar a cidade limpa, menos poluída e mais digna de ser habitada.
Em um comparativo curioso temos o canal Campos-Macaé, um canal artificial que interligava as cidades cariocas de Campos de Goytacazes à Macaé, no litoral. Apesar de sua construção ser mais antiga que o canal macapaense, o canal Campos-Macaé também impressiona por seus números; sendo quinze metros de largura distribuídos em uma extensão de 106 quilômetros, considerado o segundo canal artificial mais longo do mundo, ficando atrás apenas do canal de Suez que tem 163 quilômetros. E maior que o do Panamá que possui 82 quilômetros.
O canal foi inaugurado em 2010 sob muitos fogos e muita festa para a população beneficiada, já que antes o nome pejorativo do canal em toda sua extensão era simplesmente “canal da merda”. Mas mesmo com os atrasos e um ano e oito meses de transtornos, a obra que consumiu R$ 18,6 milhões e alguns aditivos, pois antes não contemplava a recuperação ambiental, mas somente a revitalização urbanística. Foi concluída.
Logo na eleição de Roberto Góes para a prefeitura de Macapá, um clima de esperança se instalou nos moradores dos 1,8 km de extensão do canal, já que a prefeitura administrada por dois mandatos de João Henrique Pimentel, não concluiu as obras tão esperadas.
Com direito até a deputado federal licenciado do congresso para assumir a secretária de obras, com muita firula e muita falácia as obras iniciaram como toda obra publica tradicionalmente começa, tapumes e placas. Seguidas de crises orçamentárias, atrasos e paralisações da RTR Engenharia e Comércio Ltda., responsável pela execução das obras e até mesmo choque direto com comerciantes que se instalaram nas calçadas do canal em sua parte que chega ao centro, árvores foram retiradas, calçadas estouradas e... Nada mais aconteceu.
Enfim o governo estadual resolveu se adonar do mesmo canal babilônico na gestão do governador Pedro Paulo, o que gerou mais placas, tapumes e firulas e mais nada... Com o discurso de que 15% das obras estão concluídas, as mesmas se arrastam a passos de cágado, os tapumes e as placas o tempo já se encarregou de deteriorar e a vida do macapaense continua, e as chuvas se avizinham.
R$ 8 milhões é o que se diz ter investido nas obras de revitalização e urbanização do canal, valor este que assusta quando comparado com o valor gasto com o canal Campos-Macaé, já que o canal da Mendonça Junior apresenta uma extensão de menos de 2% do canal carioca e consome um orçamento de 43% do mesmo. E nem contempla a recuperação ambiental.
Para fazer uma melhoria significativa na estrutura física e no paisagismo (já que não se vai construir um novo canal), um serviço que inclui revitalização do piso do canal, passeio público que envolve as calçadas, meio fio e sarjetas, instalações elétricas, pintura e mobiliário urbano, como bancos e lixeiras.
Obra básica da construção civil, que envolve uma estrutura que causa dano ambiental diário com o crescimento populacional exponencial e o despejo de efluentes indiscriminado, já há anos se arrasta por mandatos e mandatos. Solução em si, não se viu até hoje, apenas placas e tapumes. Uma coisa é certa, a indústria madeireira parece ter sido a única contemplada com as obras do canal da Mendonça Junior.
Para ver uma proposta de projeto de recuperação ambiental do canal, clique aqui!
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