quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Rapunzel, joga-me sua alianças!

Em conversa com amigos aposentados da politica, mas ainda com os olhos brilhando pela vontade de volta ao cenário, onde idade não é limite; sobre as eleições que virão, deparei-me com vários questionamentos sobre as alianças formadas pelo PT no governo Lula e para a eleição de Dilma Roussef. Senti, na ocasião, que eleitores com forte perfil progressista estavam desapontados por verem o Partido dos Trabalhadores transigir com personalidades que sempre para a retórica militante simbolizaram o atraso no Brasil.

Sobre o tema, suscitei, como de fato suscito, a seguinte questão: como conquistar mais da metade do eleitorado e governar um país tão complexo como o nosso sem construir um leque relativamente amplo de alianças?

Ao analisar a questão não se pode perder de vista as peculiaridades do nosso querido país. Somos quase 200 milhões de alminhas ávidas por um afago de alguém que ocupe um mandato, não importa se no conselho tutelar ou no palácio do planalto. Sendo nesse universo em torno de 130 milhões de eleitores, espalhados por uma imensa área territorial. Cada região, cada Estado apresenta uma história e uma tradição cultural muito própria. No mesmo sentido, a complexidade da vida econômica, social, cultural e religiosa resulta na formação de grupos com interesses e visões de mundo bastante distintos entre si.

Nesse cenário tropical, nenhuma agremiação partidária conseguiria sozinha, com um discurso e um projeto exclusivistas, eleger-se e governar o Brasil e nem mesmo a “quinta do zé” (meu boteco carioca preferido!). São necessárias, portanto, coalizões e união de forças em torno de um consenso mínimo e de um projeto comum de nação. E nada mais democrático do que isso! Autoritário e antidemocrático seria um grupo político específico tentar impor aos demais sua visão particular de mundo. A verdadeira democracia exige a construção de consensos por meio da negociação e do diálogo.

Outro fato que impõe, inexoravelmente, a formação de alianças mais amplas refere-se às deformações dos sistemas partidário e eleitoral brasileiros. No país, o espectro partidário conta com mais de 26 (vinte e seis!!!) agremiações (graças a Kassab!), que ocasiona uma representação pulverizada no Congresso Nacional. Quando Lula chegou à Presidência em 2002, os partidos PT-PCdoB-PSB-PDT-PV-PPS, à época situados mais à esquerda do cenário político, contavam apenas com algo em torno de 142 Deputados Federais e 17 Senadores, ao passo que a aliança PSDB-PFL-PMDB elegeu 226 Deputados Federais e expressivos 33 Senadores.

Como não estamos em uma série da Globo, governar em tal contexto senão por meio da ampliação do leque de alianças é uma verdade. Atrair um partido com a capilaridade do PMDB para a base governista uma questão de ordem. Por mais popular que seja um Presidente, deverá ele prescindir de instituições como a Câmara e o Senado para governar. Senão como aprovar leis e Emendas Constitucionais sem contar com a necessária maioria nas Casas Legislativas? O discurso de cão raivoso deu lugar a Lulinha paz e  amor em virtude dessa realidade.

Tal realidade se impôs tanto ao governo do petista Lula, quanto ao do tucano Fernando Henrique. Se é verdade que José Sarney foi Presidente do Senado com o aval de Lula, não é menos verdade que Fernando Henrique apoiou para o mesmo cargo o próprio Sarney, além de pessoas da estirpe de ACM e Jader Barbalho. Se é certo que Renan Calheiros também presidiu o Senado com a anuência de Lula, é igualmente verdadeiro que Fernando Henrique o nomeou para o relevante cargo de Ministro da Justiça. Se Geddel Vieira Lima foi Ministro de Lula, também foi líder do governo FHC na Câmara dos Deputados. E por aí vai…

Percebe-se, portanto, que eventuais desapreços que o eleitor tenha quanto às alianças construídas pelo PT não se apresentam como um critério seguro para levá-lo a votar no PSDB e em José Serra. Primeiro, porque o PSDB historicamente já foi bastante próximo de quem hoje condena. Segundo, as atuais alianças de José Serra não gozam de uma estatura ética muito confortável. Basta mencionar as alianças aqui no Distrito Federal com o Joaquim Roriz e com o governador cassado José Roberto Arruda. Terceiro, porque um eventual governo Serra terá, necessariamente, que acomodar esses mesmos personagens que o PSDB questiona.

Penso, em conclusão, que uma política de alianças mais qualificada depende mais de reformas do sistema partidário e eleitoral e do amadurecimento das instituições democráticas do que de uma duvidosa postura ética e moral que os próprios partidos se atribuam.  Não vejo por que alguns partidos tentam logo jogar cal em cima das possíveis alianças por mais profanas que possam parecer, com medo de rejeição talvez, ou pelo senso de moral, ainda que pouco, bata na porta e grite: “-Ei isso é muito feio!”.

Talvez por isso, a vice-governadora Doralice Nascimento (PT-AP) tenha corrido as pressas às redes sociais para negar que o PT estivesse mariscando fora da base do governo PSB. Assim como o deputado estadual Jaci Amanajás (PPS-AP), sob velocidade meteórica, criou um perfil no Twitter, para desmentir que o PPS estivesse de namorico com, pasmem... PSDB e Psol. Não condeno, nem endosso, mas como em politica o que importa é a vitória, espero pelo menos que não se comam vivos após eleitos, ou se condenem a um ostracismo inerte como o governador Camilo Capiberibe, que como Rapunzel, tenta a todo custo jogar suas tranças para tentas pelo menos abocanhar o melhor partido, digo, príncipe!

4 comentários:

  1. Onde está o inteligente? O interessante? Sair do mesmo! Pura tautologia.. Apresente novas idéias se possível...

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  2. prezado Fred,
    Infelizmente não temos o poder de mudar a história do nosso país, mas agradecemos a visita, leitores críticos e com um discurso tautológico, mesmo que em abundancia, são sempre bem vindos!

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  3. Obrigado. Mas tautológico, me referi ao seu texto. Por isso, o critiquei. Ao ler, não há provocação, não há novos elementos, inteligência, apenas repetições de outros blog´s etc... Ao começar ler, me empolguei pela leitura e seu bom português, achando que viria coisa boa. Mas ficamos no mesmo lugar. Essa reprimenda é apenas para melhorar e quicá, caminhar. Boa sorte!

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  4. Prezado Fred,

    Sugestões são sempre bem vindas, venham de onde vier, sejam criticas, elogiosas ou jocosas. Bem vindo será sempre, pois nem só de elogios vive o letrista.

    Um grande Abraço!

    Equipe do Coisas da Vida

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